02. inapropriada

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Kath Stein


- Você fala como se realmente tivesse alguma das qualificações desse panfleto. 


Havia um 'quê'  de razão na frase que o amigo havia lhe dito no dia anterior, mas nada que não pudesse ser encoberto. A mulher de meia idade que analisava o fino papel onde Kath havia escrito suas "consideráveis qualificações", tinha expressões duras e rígidas além de vestir um uniforme que parecia ter saído de um livro.


- Você não é casada, jovem... - seus olhos subiram ante as lentes grossas de seus óculos de grau, fazendo a garota sentir como se ela estivesse a analisando por inteiro, o que realmente estava fazendo. A senhora falou o resto de sua colocação com mais ênfase do que anteriormente. - Bem jovem.


- Não creio que seja mundana como Clarissa foi, e tampouco parece rica como Clarissa era. - a última parte fez a ruiva quase engasgar.


- P-Perdão, como disse-


- E com uma língua agitada como a de um lagarto. - Seu olhar escalou novamente para cima dos óculos arredondados, fazendo os ombros de Kath se encolherem minimamente. - Tem certeza que sabe tudo o que escreveu aqui? 


- Completamente. - respondeu com um sorriso orgulhoso em seus lábios.


- Completamente, senhora. - Com uma caneta tinteiro pendente em seu pulso, a senhora riscou uma linha inteira das qualificações que Kath havia escrito, sentiu seus olhos diminuírem. - Pelo visto sua etiqueta não é tão avançada quanto diz. Me mostre seus dedos.


A expressão de Kath passou de desespero para confusão. Por que ela queria ver os seus dedos? Relutantemente, a garota pôs as pequenas palmas na frente de seu rosto, tentou o fazer da forma mais graciosa que conseguia, não fazia ideia se havia falhado ou não. 


De forma brusca, a senhora a sua frente segurou seus dedos e os analisou em todos os ângulos que eram possíveis. A cabeça de Kath não conseguia achar nenhum motivo para aquela linha de raciocínio.


- Tem as mãos de um ogro, cheias de calos. - disse a senhora de meia idade com os olhos inteligente. A ruiva apenas virou o rosto envergonhada. - Tão desajeitada, mas sem nenhum corte em sua pele, tem certeza que é qualificada em gastronomia?


Instintivamente, libertou os dedos das mãos nodosas da mulher a sua frente. Katherine não era tão boa em mentir assim, então apenas baixou os olhos. Novamente, outra linha foi riscada de seu papel e pensou por um instante se realmente deveria te faltado aula pra ter ido até aquele lugar.


- Já perdi o número de vigaristas que vieram aqui nessa casa hoje. - disse a velha senhora endireitando os óculos. - Vê essa mansão? Um lugar desse tamanho necessita de gente qualificada e não - olhou para Katherine de cima abaixo, agora com desprezo palpável. - gente como você.


Os olhos da mais nova se estreitaram e seus lábios formaram um sorriso desacreditado.


Maid | armin arlertOnde histórias criam vida. Descubra agora