Capítulo 2

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── S/n ── a mãe chamava, sacudindo-a levemente. ── Acorda, filha. Tem que de arrumar para ir à escola. Já são sete e dez.

── Já vou, mãe. Já vou ── respondeu ainda deitada, com os olhos fechados. Por mais que dormisse cedo no dia anterior, não queria acordar para ir até o local que mais odiava. Voltou a dormir calmamente, mas seu breve sono foi interrompido por uma almofada que a atingiu de longe.

── Agora!

Resmungou algumas palavras emboladas e se sentou na cama, com seus cabelos bagunçados e a cara amassada. Ficou por algum tempo fitando qualquer objeto daquele quarto, pensando em absolutamente nada. Quando finalmente volta para a realidade, se levanta e começa a andar até o banheiro. Sentiu a visão escurecer e uma tontura lhe abater, mesmo levantando devagar. Lavou o rosto e fez suas higienes matinais de todos os dias. Vestiu uma calça jeans, um tênis e uma blusa qualquer. Por cima, vestiu um moletom. Mesmo em dias quentes, usava-o para "se esconder" na escola quando não queria ser notada.

── Bom dia, mãe. Bom dia, Finn ── cumprimentou e sorriu sem mostrar seus dentes. A mãe e o irmão lhe retribuiu o bom dia e também sorriram.

── Come seu cereal. Depois Finn te levará para a escola ── ordenou Mary, indo para o andar de cima para pegar sua bolsa e terminar de se arrumar para o trabalho.

Assim fez. Os irmãos comeram e S/n subiu até o quarto para pegar sua mochila. Quando desceu, Finn já estava a sua espera dentro do carro, batendo seus dedos conforme o toque da música que soava em som baixo do rádio do veículo. S/n abriu a porta e entrou no banco da frente, amarrando o cinto de segurança e colocando a mochila entre suas pernas, no chão. Conversaram algumas coisas durante o caminho, nada de mais.

A escola estava com o movimento diferente do que o de costume. Muitas pessoas se aglomeravam na entrada, conversando e revendo os amigos. Finn se despediu e lhe depositou um beijo na bochecha. Atravessou a rua olhando a todo momento para os dois lados. Esbarrou em alguns adolescentes ao tentar passar, mas pedia desculpas à eles e pedia para dar licença para ela passar entre eles. Foi na secretaria pegar seus novos horários de aula. Caminhou até seu armário de sempre. Usava-o há quatro anos seguidos. Segurando os materais que seriam usados em matemática, saiu andando rumo a sala de aula. Foi avistada por Victor e seu grupo de amigos, que não perderam tempo para irem até ela. A menina tentou adentrar entre os amigos ou entrar na biblioteca, mas não obteve sucesso.

── Só para começar o ano direito ── bateu as mãos nos livros que segurava e não tinha dado tempo de guardá-los dentro da mochila; seguido de um empurrão. Parte da atenção das outras pessoas daquele corredor vão para os dois, especificamente em S/n. Conseguia ouvir as risadas de Victor e, de longe, de Mya e suas amigas.

── Idiota ── murmurou, se agachando para pegar as coisas espalhadas no chão que lhe pertencia. Victor, que já seguia seu caminho, parou de andar e se virou para trás, indignado.

── Me chamou de quê?! ── S/n engole seco, olhando para o menino parado à sua frente. Sua pele clara e seus cabelos escuros como os olhos chamava a atenção das meninas, o que também lhe tornava popular na escola.

── Além de idiota, é surdo também?! ── confrontou. Nunca havia feito isso, o que espantou todos dali, inclusive Victor.

── Olha aqui, esquisita ── se aproximou, na tentativa de intimidá-la. ── Não sei o que está dando em você para falar desta maneira comigo ── a menina debochou de sua fala no pensamento. ── Eu não sei o que dá em você para vir pisar aqui todos os dias, todos os anos. Não percebeu até agora que ninguém aqui gosta de você? Quer ver? Pessoal, levanta a mão quem viria até aqui para defendê-la de mim? ── ele olhou em todas as pessoas a sua volta. S/n fez igual. Sentiu o peito arder e um nó se formar na garganta quando percebeu que ninguém a ajudaria. Estava sendo humilhada psicológicamente da pior forma possível novamente, na frente de todo mundo. Ninguém levantou a mão. E se alguém a ajudaria realmente, mas tivesse medo? Esse pensamento passou pela sua mente. Tentava ser positiva, como Mary lhe falou. Não funcionava. Os pensamentos ruins sempre viriam à tona. ── Viu só, esquisita? Ninguém aqui te ajudaria. Você sempre foi e sempre será ninguém! Duvido que alguém daqui sentiria sua falta se você parasse de vir ou simplesmente sumisse. Nenhum aluno gosta de você! Essa é a verdade, se queria saber. Agora, vai fazer o quê?! Correr para o banheiro e chorar, como sempre faz? Pensou que eu não vi esses olhinhos cheios de lágrimas, né? ── riu, sarcástico. ── Garota patética!

The New Boy // Louis Partridge [Reescrevendo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora