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Notas
Espero que gostem
Só  atualizei hoje porque a fedida da Lara me obrigou
Bjoss

...

Encontrei o banheiro, me curvei sobre a borda da banheira, tampei o ralo e abri as torneiras para enche-la. A água gorgolejeou e depois espirrou em jatos, mas pelo menos estava quente.

-vamos lá, companheiro. Vamos limpar essa sujeira - eu disse a Archer, tirando sua camiseta, as meias e os sapatos, as calças molhadas e o colete manchado.

- desculpe por ter vomitado Addie - ele disse quando eu o coloquei na banheira e comecei a jogar água sobre ele.

- não seja bobo. Você está melhor agora, não é? Lavou, está novo. - mas eu queria que tivéssemos sais de banho, patos de borracha e toalhas quentes e felpudas. Em vez disso, cantei uma música nova que aprendi em algum programa para crianças na televisão sobre lavar, ensaboar e ficar limpo, e Archer me acompanhou e riu.

Revirando as malas da minha mãe eu encontrei o xampu que ela usava e lavei o cabelo de Archer, com cuidado para não deixar a espuma cair nos olhos dele, e quando terminamos nós encontramos seu pijama e arrumamos a cama com lençóis e um cobertor.

- vamos comprar coisas novas, Archer, não se preocupe. Um edredom bonito e travesseiros. Vamos deixar tudo pronto pra você, está bem? - Archer assentiu e começou a brincar com suas pedras. Eram seixos que ele havia encontrado em um posto de gasolina que paramos no caminho até aqui, recolhidos de um canteiro de flores.
Agora as pedras tinham nomes. Senhor Briggs e Rupert. Chapéu feio e jim. Jim era o amigo de Archer na casa antiga, o vizinho, semore com o queixo lambuzado de geleia e sardas que eram como lascas de ouro. As vezes Jim deixava Archer pedalar em sua bicicleta. Outras vezes, não sei.

- esse lugar não é muito legal, você não acha Addie? - Archer começou a fazer uma torre com as pedras e depois as espalhou com a mão, mas eu fiz que não com a cabeça e as recolhi.

- é um lugar legal sim. É bonito e você e eu vamos poder pintar o seu quarto e decorar tudo do jeito que você quiser. E vamos comprar uns brinquedos novos também.

- e o meu quarto antigo? - perguntou ele. Eu o abracei com força e disse que talvez voltassemos la algum dia, mesmo que isso fosse mentira.

Fui até a janela, limpei o vidro com a manga da camiseta e apoiei a testa ali. O murmúrio da água escura me chamava. Estava cantando e esperando, como se soubesse desde sempre que uma menina como eu chegaria a esse lugar algum dia. A melhor coisa a fazer era não olhar. Fui até a sala de estar e forcei um sorriso.

-esta tudo bem, querida? - perguntou minha mãe.

- sim, estou bem.

Não disse a minha mãe que ainda estava enjoada. Ela me deu comprimidos para a viajem, mas eles não haviam funcionado, apenas piorado, e de qualquer maneira eu sempre me sentia nauseada, meu estômago se revirando com o medo. A parte mais facil era esconder aquilo de Archer. Mas era difícil esconder da minha mãe. Ela sempre sabia.

- bem eu vou buscar o jantar. Arrume um pouco as coisas aqui, Addie- ela olhou para a sala, mas não disse nada sobre a mobília velha, as paredes brancas e vazias, o carpete que ja parecia carcomido, e eu me perguntei o que deveria fazer ali.

-peixe com batatas fritas? Pode ser?

- otimo, obrigada - eu disse, mas quando ela voltou, uma hora depois, com pacotes enormes de comida morna e engordurada, eu não consegui comer um único pedaço, e minha mãe comeu tudo sozinha, até mesmo os restos.

Mais tarde, naquela noite, eu saí do quarto em silêncio. Archer estava na cama, dormindo profundamente, mas minha mãe estava sentada, olhando fixamente pro celular, esperando. Eu esperava que os amigos dela, as pessoas que ela disse que conhecia aqui, não demorassem a ligar, e que todos teríamos amigos em breve.

Sempre fomos muito inconstante, frágeis e transitórios, prestes a tombar sob o menos sinal de vento, mas Archer precisava de raízes; nós dois precisávamos. Sai do apartamento e fui andar de baixo, deixando a porta pesada bater a trás de mim, e depois andei na direção da água- com passos bem leves para não sentir a dor das pedras pontiagudas sobre os pés. Existe um jeito, se você pensar com bastante vontade, de fazer com que elas parem de machucar. Qualquer coisa. Mas eu não devia ter medo, meu pai semore dizia não se preocupe, assobiando e fazendo meu braço balançar quando me acompanhava até a escola tantos anos atrás, e eu erguia os olhos e ele era um herói, a coisa mais segura em todo o mundo. Não se preocupe, seja feliz, Addie, dizia ele. E eu senti um aconchego por um momento, relembrando.

Meredith
- E então? - Violet  olhou para Meredith. - como estão as coisas?

Meredith passou as mãos pelos cabelos e sorriu. Pegou o copo de água e sorveu todo o conteúdo em um longo gole. Violet  observou, esperando.

- estou bem, eu acho. Não, na verdade estou melhor do que simplesmente bem. Estou ótima - disse Meredith, limpando a garganta e assentindo, como se quissese enfatizar a sinceridade  daquelas palavras. Violet inclinou o corpo pra frente em sua cadeira, contente. Gostava dessa rapariga. (Rapariga foi ideia da addison_queen ,no livro tava diferente, coloquei só pra zuar)

- É mesmo? Que bom, é isso que queremos ouvir. Está dormindo bem?

- sim. Estou sim. Acho que é por causa de ter corrido tanto. - Violet riu e Meredith deu um sorriso curto e forçado. Era preciso sorrir quando Violet gargalhava daquele jeito; o barulho era tão alto que exigia que fosse reconhecido.

- ah sim, o poder do ar fresco e do exercício.  As pessoas subestimam essas coisas, Mer. Vai se juntar a mim na maratona deste ano, então?

- não. Não sou fanática como certas pessoas. - O olhar de Meredith cruzou com o de Violet . A terapeuta tinha o rosto rosado, o nariz achatado e uma boca enorme e risonha. Podia dizer o que quisesse a ela.

- tudo bem, é o que veremos. Algum dia você vai se converter.
Meredith deu de ombros.

- e as amizades? Já encontrou algum amigo por aqui? Meredith não estava muito interessada em nenhuma das garotas daquele lugar, e menos ainda na vida delas. Mas Violet dizia que aquilo não era uma atitude saudável, que Mer precisava interagir e fazer algum esforço. Era um assunto recorrente nas conversas entre os dois.

- claro, claro. Eu tenho amigos.

- não estou falando de garotas com quem você passa algum tempo, Mer. - Violet se inclinou para a frente outra vez. - Estou me referindo a pessoas com quem conversa, com quem pode se abrir.

- eu sei do que você está falando. E é pra isso que eu tenho você não é?

- não, não o tempo inteiro.

Meredith pensou naquilo. Desde que veio morar no interior ela tinha sua tia e Violet, e mais ninguém. As garotas da escola até que eram legais; ela foi convidada para ir a algumas festas e coisas do tipo, e havia muitos convites e também garotas que eram receptivas. Algumas eram receptivas até demais. Como Andy Herrera. Mas, de maneira geral, ele acabou se distanciando do passado e isso significava que não havia ninguém para que ela pudesse ligar ou enviar mensagens de texto, ou simplesmente com quem pudesse sentar e jogar conversa fora por alguns momentos.

- certo - disse ela a Violet. - entendi. Vou me esforçar mais.

Meredith bateu continência, fez Uma cara sériae determinada e Violet assentiu, e o horário da consulta chegou ao fim. Meredith saiu para encontrar a tia, que estava observando as obras expostas na pequena galeria de arte da cidade enquanto ela estava na terapia. A conversa fazia com que ela se sentisse ridicula, mas não Violet; Mer semore saia do consultório com uma convicção um pouco maior do que as coisas iriam melhorar, e que o passado era exatamente isso: passado.

Notas
Espero que tenham gostado, ficou grande
se vcs não gostarem de capitulos longos me avisem

Mentiras como o amor - meddisonWhere stories live. Discover now