Capítulo 8

7 0 0
                                    

O timming perfeito não existe.

Mas também não era pra doer tanto.
No fim das contas, eu já sabia de tudo, não é mesmo?

Todos os meus defeitos, todas as imperfeições e erros, todos os contras.
Todos moram na minha cabeça, e sou eu quem paga as despesas.

Se engana quem acha que eu não enxergo, não sinto, não sofro.
Eu choro por um pouco de silêncio na minha cabeça enquanto consolo alguém que amo.

Meus abraços nunca são só pra consolar alguém, pois deles também tiro um pouco pro meu próprio consolo.
Quando sorrio, no canto dos lábios e no fundo da alma jazem minha sanidade.

A verdade é que eu só queria gritar e chorar. Expurgar meus demônios de uma só vez, abraçar a dor e me deixar senti-la.
Mas não consigo, porque no fundo eu não me levo a sério o suficiente.

No fundo, eu só quero ver os outros felizes, e me afasto dos meus sentimentos pra ajudar com os dos outros.
Mas uma hora eles vêm.

Vêm com a força de um tornado, levando os sorrisos, otimismo e palavras bonitas.
Deixam só a carcaça desgastada, frases cruas e respostas monossilábicas.
E eles acabam por destruir toda a fina parede de satisfação que os outros tem por mim.

Porque se não tenho como ajudar, se não estou disposta o suficiente para insistir no otimismo, de nada eu sirvo.
Se eu não fico feliz quando me apontam onde dói, o silêncio do desconforto provavelmente vai me curar, não vai?

Não vai. Mas os sorrisos plásticos vão voltar.
O otimismo plástico também.
Vai estar tudo bem, sempre fica!
A dor não vai doer em mais ninguém.
A escuridão ficará escondida por detrás dos olhos, dentro da boca fechada, das necessidades oprimidas, da perfeição desejada.

O timming perfeito não existe, nem eu. Não mais. Nem tão cedo.

DesimportanteWhere stories live. Discover now