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Narrador POV

Rafaella sonhou a noite inteira com Bianca. E não poderia ser diferente, ela lembrava cada detalhe daquela mulher, o perfume, o sorriso, o jeito de andar, o olhar, aquele olhar que tanto a conquistou. No meio dessas lembranças e sonhos, a mineira despertou com um sorriso preso nos lábios. Logo ouviu barulho vindo da cozinha, e olhou no celular: 08h45min.

-Sério?! Ninguém dorme até tarde nessa casa... - resmungou pra si, e foi saindo da cama.

Seria inevitável a bronca que levaria dos pais, melhor levantar logo e enfrenta-los, do que lidar com a ira da mãe tentando acordá-la.

Tomou um banho, colocou um short e regata e saiu do quarto em direção à cozinha.

-Olha só, a a bela Adormecida acordou. Agora diz pra mãe, perdeu o sapatinho de cristal ou foi a carruagem que virou abóbora? - Genilda, estava puxando a cadeira para que Rafaella se sentasse. Era visível o tom de ironia em sua voz, e que o clima descontraído do café da manhã estava perdido.

-Érrr... Bom dia pra você também mãe. - Sentou na cadeira que a mãe segurava e olhou com cara de socorro pro pai.

-Sua mãe e eu dissemos pra você voltar pra casa até a meia-noite. Não era uma balada, você estava sozinha, e pô Rafaella essa exposição ficava longe de casa pra caramba.

-Sem contar que seu ato de maior irresponsabilidade foi não ter levado o celular, quem sai de casa sem celular nos dias de hoje? - Genilda esbravejava.

-Aí gente, eu sei, vocês estão certos, me desculpa, é que... eu encontrei uma amiga e a gente ficou conversando e quando vi, já tinha perdido a hora. - tentou argumentar.

-Ah uma amiga, que lindo, grande desculpa. - Genilda bateu de leve nos ombros de Rafaella, um tapa no estilo, acorda que não nasci ontem, do que um tapa de verdade. A mineira nunca havia apanhado dos pais, eles sempre conversavam, e quando a coisa era mais séria, ganhava castigo.

Rafaella abaixou a cabeça e foi pegar o café pra se servir, ela sabia que tinha se livrado de metade da bronca, e assim que seu pai saísse de perto a mãe iria querer saber dessa amiga, e bem ela não tinha a menor idéia do que falar.

-Mas e o seu celular hein mocinha? Não quero mais você saindo de casa sem ele, e coloca crédito naquela coisa, já que nem pra despertador ele serve direito né? - Sebastião disse olhando pra Clara, ele não tinha caído na história da amiga, e seu semblante de pai ciumento tinha tomado conta.

Rafaella arregalou os olhos quando o pai falou sobre a parte do despertador, e trancou a respiração. Ela tinha conseguido por 2 segundos sair daquela história sem maiores danos.

-RAFAELLA KALIMANN, VOCÊ CHEGOU ATRASADA PRA TRABALHAR DE NOVO? - gritou Genilda - PÔ Rafa, que irresponsabilidade é essa? A sua tia te dando o maior apoio, e você fica marcando bobeira? Tá achando o que hein?! Que lá fora todo mundo é assim bonzinho como sua tia? Que o seu chefe vai aturar atraso?

Rafaella se assustou quando a mãe chamou seu nome completo aos gritos, terminou de servir o café na sua xícara e ficou calada. Pronto, ela ouviria o final de semana inteiro sobre trabalho e responsabilidade. O engraçado era que sua mãe nunca havia trabalhado fora uma vez sequer na vida, mas ela falava como alguém cheio de experiência. Seu pai esboçou um sorriso vitorioso, era meu castigo pela história da amiga, ele sabia que minha mãe ia pirar e voltou a tomar seu café tranquilamente.

Genilda falou por mais um tempo sobre trabalho, aproveitou para cutucar a filha sobre não está fazendo uma faculdade como sua prima Luiza, e por fim, depois de intermináveis minutos, e de ter que ajudar com a louça do café, ela estava livre... pelo menos até a próxima refeição.

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