4- Tem alguma coisa estranha

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Isa

Encarei aquela cena por alguns instantes antes de disfarçar e olhar para o garçom que dizia se agora poderia servir o jantar.

- Oh, sim! por favor.

Todos de acomodaram e iniciaram uma conversa neutra. Meu pai e o Sr Valentin, no caso.

Alex segurava minha mão por baixo da mesa e ele parecia bem nervoso. Ainda não sabia ao certo porque, mas pelo amor de Deus, que esse jantar não seja um fiasco!

Olhando para a Rebeca vejo que ela está na segunda taça de champanhe e chama o garçom.

- Você teria um vinho? Ou algo mais forte? - ela disse em tom baixo mas eu ouvi claramente e já comecei a visualizar ela dando um pití! Massageei as têmporas.

- Mamãe, só o champanhe não está de bom grado? - Alex disse meio entre dentes meio sorrindo, para parecer educado, mas eu percebi que ele queria esganar a Rebeca. Eu também queria. Se ela fizer um escândalo por qualquer motivo que seja, eu não respondo por mim.....

- Oh, querido, tudo bem entã...

A Rebeca ia concordar quando minha mãe a cortou.

- Traga para nós duas, rapaz.

Mas o que?!
Fuzilei minha mãe com o olhar.
Eu disse há poucos minutos para ela que a Sra Valentin bebe quando briga com o marido e ela incentiva a mulher a beber!

Respira Isa... Respira.

Logo o garçom chegou com o vinho e as duas madames passaram a beber.

A Vivi e a Lala tentaram conduzir uma conversa sobre uma viagem para o litoral mas eu não conseguia prestar muita atenção em nada além do problema eminente.

Minha irmã Vic pediu uma sobremesa após todos terminarem de jantar e parecia alheia aos demais. Adolescentes né.

O Alex parecia preocupado pois pude perceber uma gotícula de suor escorrendo pela lateral do rosto dele. Toquei sua perna e descansei minha cabeça em seu ombro.

Foi quando vi as mulheres na terceira taça. Aí quem começou a transpirar fui eu.

-Amor, ta tudo bem, elas estão se divertindo, olha.. -Alex tenta me acalmar mas eu vejo nos olhos dele que também está nervoso.

-Claro, eu estou vendo mesmo.

Minha sogra gargalhava, e se apoiava sem parar no marido. O Sr Valentin parecia vidrado em minha mãe mesmo enquanto explicava sobre seu trabalho para o meu pai.

Dona Drika sorria mas eu pude ver o rosto avermelhar e os olhos diminuírem. Ah.meu.Deus! Estava bêbada.

Do nada a Rebeca se levanta puxando a mão do marido.

- Vamos dançar! Isso está muito desanimado Mike. -como se não estivesse rindo dois segundos atrás.

Todos olhamos aflitos, sem entender nada.
Porque o detalhe principal é que não.tinha.música!

- Rebeca, sente-se, não tem ninguém dançando. - meu sogro falou tentando conter a esposa, mas ela começou a chorar. Super alto.

- Você tem vergonha de mim! Se fosse aquela piranha da Cibelly você estaria desfilando com ela pelo salão todo! - ela gritava e apontava o dedo na cara do marido. Que salão?

- Do que você está falando?! É melhor se acalmar. Já bebeu demais e está dando vexame. - os olhos do meu sogro cintilavam de raiva, segurou o dedo da mulher e a fez se sentar novamente.

-Mãe, pelo amor de Deus, denovo essa história. - Vivi riu nazalado, piscou os longos cílios para o irmão - Maninho, talvez queira agilizar as coisas antes que a noite termine pior.

Olhei para o Alex tentando entender o que a Vivi estava sugerindo mas antes que pudesse dizer alguma coisa minha mãe ficou agitada.

- Agilizar o que pessoal?! A noite está tão agradável, vamos conversar mais, nos conhecermos melhor - Dona Drika falava meio enrolado pelo efeito da bebida, papai afagou seu cabelo e sorriu, como se concordasse e pedisse para que não bebesse mais.

Denitivamente era um sorriso de "se comporte".

- Eu só quero ir embora, ainda vou ligar para aquela vaca da Cibelly e resolver aquela história Mike. - Rebeca se levantou novamente, se livrando das mãos do marido, da filha, e marchando em direção a saída.

- Mãe! Deixa que eu vou pai! - Vivi saiu correndo atrás da bêbada, quero dizer, da mãe.

- Rebeca, espere, pelo amor de..! - O Valentin passou as pelo cabelo exasperado - Espero que nos perdoem, preciso ir atrás dela. Nos falamos depois Alex, foi um prazer Sr Passueto, meninas, Adriana. - depois de apertar brevemente a mão do filho e do meu pai, se despediu de nós e pude jurar ver uma faísca em seu olhar de despedida para Dona Drika.

Fiquei intrigada.

- Claro Sr Valentin, o prazer foi nosso. - papai disse e senti uma pontada de desgosto no final da frase.

Mas porquê?

- Boa noite, corre atrás da louca. - mamãe disse embriagada e a Vic riu. Nem a Lala conseguiu segurar o riso.

Que fiasco. Eu não sabia onde enfiar minha cara.

O Sr Valentin uniu as sobrancelhas em uma expressão de confusão e diversão. Acenou e saiu porta a fora, atrás da Rebeca e da Vivi.

Que belo fim para um jantar em família.
Colei a testa na mesa. Pura frustração. Planejei tanto esse encontro pra isso.

Alex tentou se desculpar mas o desastre ja tinha acontecido.

Desmanchei completamente o cabelo, meu pé doía e a cabeça muito mais. Pagamos a conta e fomos todos para casa.

Um Passado No PresenteWhere stories live. Discover now