Passamos a manhã na estrada, não conversamos. O silêncio era bom entre a gente. Como se só estivéssemos curtindo a companhia um do outro.
Viajamos com as janelas abertas. Eu só aproveitava o vento com uma música qualquer que tocava ao fundo.
Miguel manteve a atenção dele na estrada. Ele dirigiu durante horas sem reclamar. Às vezes sentia o seu olhar em mim, mas preferia ignorar.
Já passava da hora do almoço quando vimos a placa em letras grandes "BEM VINDO AO ESTADO DO MARANHÃO". Pouco tempo depois encontramos uma cidade pequena, com poucos habitantes pelo o que dizia o Google, mas estava cheia de pessoas.
Na rua não parava de passar grupos de pessoas rindo. Pareciam todos muito felizes.
— Tem muita gente aqui. — constatei o óbvio.
— Pois é. Será que é alguma comemoração? Teve jogo hoje?— Miguel olhou para todos os lados.
— Não sei dizer.
O trânsito estava lento devido a grande multidão que se encontrava ali. Mas Miguel encontrou uma vaga em frente a um bar.
Ele desligou o carro e ficou parado. Eu sei o que isso significa. Temos que nos despedir aqui. Esse foi o acordo, eu deixaria ele na cidade mais próxima e ele me daria a gasolina.
— Eu acho que é aqui que a gente se despede. — murmurei olhando para as minhas mãos apoiadas nas minhas pernas.
Ele não disse nada, apenas pegou sua mochila e saiu do carro.
Fiquei parada dentro do carro. Ele realmente foi embora. E sem se despedir.
~♧~
Depois de alguns minutos sai do carro e decidi passear pela cidade. Estava morrendo de fome, então entrei em um restaurante ali, o local era de madeira e dava a sensação de ser acolhedor.
Haviam algumas famílias nas mesas rindo e uma banda que tocava no pequeno palco à frente das mesas.
Desviei de alguns casais que passavam por mim indo em direção a pista de dança no centro do salão.
O ambiente não era muito iluminado e as luzes que havia eram coloridas, mas isso o deixava com um aspecto mais confortável para mim.
Sentei em uma mesa e comecei a ler o cardápio. Vi pela visão periférica que alguém havia se aproximado da mesa em que eu estava.
— Oi! Eu gostaria de... — parei assim que olhei para cima e vi que quem estava ali não era um funcionário do local, mas sim Miguel.
— Oi.- foi só o que ele disse, parecia... envergonhado?
— Você está me seguindo? — foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça.
Ele riu.
— Não! Eu estava sentado bem ali.— apontou para um local um pouco mais a frente.— Aí vi que você chegou, mas você não me viu.
Ficamos nos olhando, ninguém sabia o que dizer. Não sei por que essa situação parecia constrangedora, mas estava sendo.
— Você quer sentar?— quebrei o silêncio.
Ele confirmou com a cabeça e sentou na minha frente. Voltei a analisar o cardápio.
— Você deve me odiar, não é? Eu acabei com todo o seu plano de viagem. — ele disse sustentando o meu olhar.
— Na verdade...- hesitei.
Será que eu deveria dizer para esse estranho que eu estava perdida? Mas alguma coisa nele me passava confiança, mesmo que a primeira impressão que ele passasse fosse de ser perigoso, mas eu sentia que isso não era verdade.
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Para onde ir?
RomanceLia acabou de completar 18 anos e está cansada de viver seguindo as regras ou de ser "certinha demais". Então decide fugir de casa com o objetivo de completar a sua lista da rebeldia. Ela só é uma menina que quer se encontrar e viver aventuras, mas...