Item 3: Álcool

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Passamos a manhã na estrada, não conversamos. O silêncio era bom entre a gente. Como se só estivéssemos curtindo a companhia um do outro.

Viajamos com as janelas abertas. Eu só aproveitava o vento com uma música qualquer que tocava ao fundo.

  Miguel manteve a atenção dele na estrada. Ele dirigiu durante horas sem reclamar. Às vezes sentia o seu olhar em mim, mas preferia ignorar.

Já passava da hora do almoço quando vimos a placa em letras grandes "BEM VINDO AO ESTADO DO MARANHÃO". Pouco tempo depois encontramos uma cidade pequena, com poucos habitantes pelo o que dizia o Google, mas estava cheia de pessoas.

Na rua não parava de passar grupos de pessoas rindo. Pareciam todos muito felizes.

— Tem muita gente aqui. — constatei o óbvio.

— Pois é. Será que é alguma comemoração? Teve jogo hoje?— Miguel olhou para todos os lados.

— Não sei dizer.

O trânsito estava lento devido a grande multidão que se encontrava ali. Mas Miguel encontrou uma vaga em frente a um bar.

Ele desligou o carro e ficou parado. Eu sei o que isso significa. Temos que nos despedir aqui. Esse foi o acordo, eu deixaria ele na cidade mais próxima e ele me daria a gasolina.

— Eu acho que é aqui que a gente se despede. — murmurei olhando para as minhas mãos apoiadas nas minhas pernas.

Ele não disse nada, apenas pegou sua mochila e saiu do carro.

Fiquei parada dentro do carro. Ele realmente foi embora. E sem se despedir.

 ~♧~

Depois de alguns minutos sai do carro e decidi passear pela cidade. Estava morrendo de fome, então entrei em um restaurante ali, o local era de madeira e dava a sensação de ser acolhedor.

Haviam algumas famílias nas mesas rindo e uma banda que tocava no pequeno palco à frente das mesas.

Desviei de alguns casais que passavam por mim indo em direção a pista de dança no centro do salão.

  O ambiente não era muito iluminado e as luzes que havia eram coloridas, mas isso o deixava com um aspecto mais confortável para mim.

Sentei em uma mesa e comecei a ler o cardápio. Vi pela visão periférica que alguém havia se aproximado da mesa em que eu estava.

— Oi! Eu gostaria de... — parei assim que olhei para cima e vi que quem estava ali não era um funcionário do local, mas sim Miguel.

— Oi.- foi só o que ele disse, parecia... envergonhado?

— Você está me seguindo? — foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça.

Ele riu.

— Não! Eu estava sentado bem ali.— apontou para um local um pouco mais a frente.— Aí vi que você chegou, mas você não me viu.

Ficamos nos olhando, ninguém sabia o que dizer. Não sei por que essa situação parecia constrangedora, mas estava sendo.

— Você quer sentar?— quebrei o silêncio.

Ele confirmou com a cabeça e sentou na minha frente. Voltei a analisar o cardápio.

— Você deve me odiar, não é? Eu acabei com todo o seu plano de viagem. — ele disse sustentando o meu olhar.

— Na verdade...- hesitei.

Será que eu deveria dizer para esse estranho que eu estava perdida? Mas alguma coisa nele me passava confiança, mesmo que a primeira impressão que ele passasse fosse de ser perigoso, mas eu sentia que isso não era verdade.

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