Item 7: Beijar alguém (Parte 1)

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Já tinha se passado muito tempo desde que deitamos, mas Miguel continuava com a mão no meu cabelo, passando bem devagar. Eu ficava contornando a tatuagem de asa no seu peitoral nu.

Ele não dizia nada e nem eu. Estávamos curtindo o momento, aproveitando um ao outro.

Me aproximei mais dele, achei que não fosse possível, já estávamos tão perto. Colocou o meu rosto na curva do seu pescoço, mais alguns centímetros e nossas bocas se tocariam, ele só precisaria fazer um pequeno movimento com a cabeça.

Eu queria beijá-lo. Ele sabia disso.

Com a minha aproximação, o corpo dele tensionou e ele deu um longo suspiro. Eu dei um pequeno sorriso, porque isso significava que eu tinha efeito sobre ele também.

Ele me abraçou, me puxou pela cintura, colando os nossos corpos.

As nossas respirações estavam pesadas, ofegantes e se misturavam um com a outra.

Ele deu um beijo no topo da minha cabeça, foi um beijo delicado e devagar. Ele abaixou um pouco a cabeça e beijou o meu nariz, esfregou o nariz no meu fazendo os nossos lábios se roçarem. Ele beijou um lado da minha bochecha e depois o outro, tudo em câmera lenta.

A sua atenção voltou para a minha boca.

–Eu quero muito. –falou ofegante. –Eu quero muito isso. Beijar você, ter você.

— Eu também quero isso. — respondi, acho que um pouco desesperada, mas eu já estava esperando aquilo fazia um tempo.

— Mas eu não posso.

Acho que a minha cara de decepcionada ficou bem evidente, mesmo com a pouca luz da sala, que consistia apenas na luz da lua entrando pela janela.

— Por que você não pode? — rebati me afastando um pouco dele para ver o seu rosto melhor.

— Eu sei... — Ele deu uma pausa e fez uma careta, como se estivesse sentindo dor. — Eu sei que no momento em que eu te beijar não vou conseguir parar, vou querer ficar perto de você. E nós nos separamos amanhã. Estamos há algumas horas de Bahia e quando chegarmos lá vamos nos separar.

— Entendi. — falei devagar.

Por mais que eu não quisesse admitir em voz alta, sabia que ele tinha razão, não faltava muito para nos separarmos.

Ele se levantou do sofá e ficou em pé.

— Eu vou dormir no carro. Você fica aqui. — disse tranquilamente me olhando.

Me sentei no sofá, olhando para baixo, qualquer visão era melhor do que o seu rosto com uma expressão de desculpa.

Não consegui olhar em seus olhos.

Eu queria gritar com ele, estava chateada, ele dava a entender que gostava de mim e agora dizia que não podia me beijar.

Ele esperou que eu dissesse alguma coisa, mas nada saiu.

Seu corpo ainda estava perto de mim. Vi que ele hesitou, mas se afastou, pegou uma camisa e a chave do carro e saiu da casa.

Eu estava triste e com raiva, pelo fato dele não ter me beijado, por ele não estar aqui, por ele não ter voltado e dito que estava brincando quando me disse tudo aquilo, mas principalmente, por ele estar certo.

Pensei em ir atrás dele, mas sabia que iria dificultar ainda mais as coisas. Então, me contentei em ficar e sentir falta do seu calor.

Fiquei pensando nisso até pegar no sono.

Acordei com o som da porta do banheiro batendo, Miguel saiu de lá, estava sem camisa, tão bonito...

Fechei rapidamente os olhos quando ele olhou na minha direção e fingi ainda estar dormindo.

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