2 - MATHEUS

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Vinte e três minutos se passaram e, desde então, o número de clientes do estabelecimento se multiplicava em um nível surpreendente. O que era assustador. Principalmente para um primeiro dia de trabalho.

Em vista a todo esse amontoado de afazeres, a chegada do Andrew varreu qualquer possibilidade de transtorno. Quero dizer, antes da sua chegada, eu quase que me atropelei todo com tantas mesas para atender, comidas, bebidas, pedidos para anotar... enfim, uma porção de outras coisas. Principalmente porque hoje era folga do Carlos e eu não teria nenhuma ajuda do meu melhor amigo.

Contudo, fui salvo por Juliana – ou apenas "Ju", como ela prefere ser chamada –, que com toda a sua paciência, me auxiliou da melhor maneira possível.

— Tem como você levar o pedido daquele senhor ali na mesa sete, e pegar o pedido da mesa três e quatro? — Eu pedi, quase confuso com tantos números, tentando ao máximo não me perder ou errar algum pedido.

— Tranquilo! — Ju me olhou sorridente — Só não se apavore tanto, ou se não... — era fácil para ela dizer aquilo — ... Bem, ou então, você perderá a vaga antes mesmo de ter conseguido ela.

Era exatamente isso que iria acontecer se ela não trabalhasse ali. Ainda bem que ela trabalha, não é mesmo?

— Você é o meu anjo da guarda, Ju! — agradeci, colocando a última latinha de coca-cola na bandeja que esteva bem equilibrada em suas mãos — Se não fosse por você, acho que o Otavio já teria me demitido.

— Vira essa boca pra lá, garoto! — Ju pareceu não ter gostado muito da ideia — Já quer me abandonar assim, é? Logo agora que eu encontrei um colega de trabalho a minha altura? - e sorriu, tentando ser engraçada.

Acabei sorrindo também. Era gratificante ser comparado a ela.

Além de linda, Juliana é o tipo de pessoa pela qual à gente se sente íntimo, mesmo nunca tendo a visto uma única vez na vida. E eu senti isso desde o primeiro momento em que fixei os meus olhos nela.
É inexplicável.

Se eu sou bi?

Não! Não!

Me descobri aos dezesseis anos de idade e, depois disso, nunca mais tive dúvidas em relação ao meu sexo ou com quem eu queria me deitar.

Na verdade, eu só tive certeza mesmo aos dezessete, quando acabei transando acidentalmente com o meu melhor amigo de infância: o Carlos.

Tudo aconteceu tão naturalmente que quando paramos para reparar no que estávamos fazendo, é que a fixa caiu. Tínhamos acabado de sair de uma festa onde sorrateiramente entramos de penetra. Ou talvez nem tanto, já que era um dos vários amigos do Carlos na época é quem fazia aniversário.

Era uma festa proibida, na verdade. Ao invés de refrigerante, haviam bebidas. E foi exatamente por esse motivo que Carlos acabou bêbado pela primeira vez. Como era de se esperar.

Nisso, tive que levá-lo até a sua casa, e foi exatamente esse o motivo que nos levou a fazer o que não deveríamos.

Depois desse episódio, eu fiquei sem conversar com o Carlos por uma semana ou duas, não me lembro ao certo. E isso acabou deixando ele irritado, pois, segundo ele, não se lembrava de nadinha do que tinha acontecido naquela noite. E acho que até hoje ele não se lembra, pois, eu também não tive coragem de contar.

Ruim Pra Mim [REPOSTANDO]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora