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Eu me afasto, soltando a tampa como se ela tivesse acabado de queimar meus dedos

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Eu me afasto, soltando a tampa como se ela tivesse acabado de queimar meus dedos. Ela bate, fazendo um barulho alto e abafado.

Eu pisco, encarando o baú. Pergunto-me se talvez tenha imaginado, se foi um dos meus cenários se intensificando e deixando a minha mente ir um pouco além. Mas imediatamente descarto essa ideia. Sei o que vi.

Tem um corpo dentro do baú.

Sei que está morto pela forma em que estava encolhido.

Eu olho para os lados, mais uma vez tendo a sensação de que alguém está me observando. Dessa vez ainda mais forte que antes. Mas não há ninguém à vista. É apenas eu... e o corpo.

A pergunta cresce em minha mente.

Quem é?

Foi rápido demais, não consegui analisar. Acho que é um homem, mas nem disso tenho certeza.

Eu dou um passo à frente, voltando para o lugar em que estava. Meu coração bate acelerado de tal forma que agora é a única coisa que sou capaz de ouvir no meio dessa floresta.

Toda a descontração proporcionada pelo copo de uísque deixou o meu corpo e fico instantaneamente tensa. Levanto a tampa novamente. Meus dedos estão dormentes. Talvez seja só o frio, mas tenho a breve sensação de que não é. Eu a ergo e dessa vez não solto.

O corpo está em posição fetal, encolhido para caber no compartimento apertado. A primeira coisa que me chama atenção é o sangue na cabeça. Não dá para ver a face muito bem, porque está de lado e o vermelho cobre boa parte da pele da bochecha e do pescoço.

Mas quando arrasto os olhos pelo resto, ligo os pontos.

A calça preta. A jaqueta azul escura. E então, inclino a cabeça e olho um pouco mais de perto: o zíper amarelo.

É o desconhecido de ontem.

Oliver.

Não faz sentido.

Não consigo entender como o homem que vi a menos de 24 horas completamente vivo e sadio está dessa forma agora. Tento ligar os pontos, mas nada bate.

Eu abro a boca, prestes a chamar os meninos, mas no instante em que o som está prestes a deixar a minha garganta, eu paro.

Colton e Felix foram os últimos a verem esse homem vivo.

Minha boca se fecha. Agora não sinto mais nada. Meu corpo está todo dormente.

— Nora.

Eu viro o rosto em direção a voz, levando um susto.

Kai está parado a cerca de cinco metros de mim com as mãos nos bolsos da calça.

Eu solto a tampa, mas dessa vez ela não cai e bate. Ela permanece erguida, expondo o corpo.

Quando Pecadores RezamOnde as histórias ganham vida. Descobre agora