Capítulo 48: Me Culpando

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- Eu recebi o convite. - a mulher respondeu, e encheu um pouco mais da sua taça.

- Não, não recebeu. - minha mãe disse. - Eu mesma que enviei todos os convites e seu nome não estava em nenhum deles.

Flávia riu.

- Pois é, você não me convidou. Queria te agradecer por me deixar de fora.

- Exatamente, Flávia, eu te deixei de fora, não te convidei. - minha mãe exclamou em um tom frio que me deixou surpresa. - Então o que ainda faz sentada ai?

Fiquei feliz por eu não ser o alvo daquelas palavras. Quando minha mãe queria, ela era cruel.

- Não fique tão irritada, foi bom eu aparecer. - Flávia me olhou. - Não me disse que sua filha é tão... áspera.

- Se a questão é nossas filhas, a sua mesmo não é motivo nenhum de orgulho. Então deveria ter mais cuidado na hora de criticar a minha.

Calma ai, ela acabou de me defender e criticou a Charlote?

Que realidade doida era aquela que eu acabei de entrar?

- Escuta...

No entanto, minha mãe ergueu uma mão como se tivesse dando por encerrado sua discussão com a mãe da Charlotte.

- Leva essas meninas para a outra tenda, Helena. Elas vão gostar de brincar com as outras crianças.

- Qual foi a parte que você não entendeu que eu não vou levar?

- Pelo menos então me deixa ficar com elas.

Franzi o cenho.

- É a primeira vez que você mostra algum interesse em ficar algum tempo sozinha com suas netas.

Ela deu de ombros.

- Pois é, se seu humor está ácido o meu está ótimo hoje. - falou. - Me deixa agora com elas e vai ficar com o Bruno, vi ele perto do refeitório. Falando no Bruno, estou curiosa para saber como ele conseguiu entrar.

- Digamos que ele meio que pagou pelo convite. - falei, mas não ia expor a funcionária.

- Não tem como pagar pelo convite. - falou. - Você só entrar se for convidado.

- Ah, mãe, você é casada com o Damon. Sabe melhor que eu como os homens dessa família são.

Ela assentiu me entendendo.

Deixando minhas filhas com ela, me afastei da tenda e comecei a andar pelo gramado em busca do Bruno. Mas, acabei encontrando outra pessoa.

Mesmo sabendo que aquela conversa poderia acabar muito mal, me aproximei do Adam.

O que Sophie me disse aquele dia no carro mexeu muito comigo.

Notando minha presença, Adam sorriu.

- Você começando uma aproximação? Deveria me preocupar com o Bruno saindo de algum lugar com uma faca na mão? - perguntou.

Ignorando sua provocação, cruzei os braços.

- A culpa não é dele. - falei.

- Do que exatamente você está falando? - quis entender.

- Do que aconteceu no passado. A culpa não é do Bruno. - expliquei. - E nem sua... Quer dizer, tirando a parte de me agarrar contra a minha vontade. Nesse caso você teve toda a culpa.

- Parece que meu primo teve uma conversa sobre nossa família com você.

- Não foi ele. - dei uma pausa. - Foi a mãe dele.

Percebi que seus olhos ganharam um brilho diferente que acabou arrepiando os pelos dos meus braços.

- Está dizendo que Sophie está de volta? - e ele não estava mais sorrindo. - Cadê ela?

- Não sei...

-  A conversa está ótima, mas preciso resolver uma coisa.

Com essas palavras, Adam se afastou parecendo perturbado.

Ainda confusa com o que tinha acabado de acontecer, só percebi que Bruno estava atrás de mim quando ele perguntou:

- Por que estava falando com ele?

Me virei para encarar seus olhos e meu noivo não estava feliz.

- Estava tentando entender. - contei.

- Entender o que, Helena? Esqueceu que foi justamente por causa dele que você quis ir embora? - continuou, parecendo irritado. - Então por que você foi falar com ele por livre e espontânea vontade?

Eu poderia ter respondido aquilo numa boa, mas com as coisas que tinham acontecido nos últimos minutos, meu sangue estava fervendo.

- Não vem jogar essa merda em cima de mim, não. - falei com ele no mesmo tom. - Por culpa sua estou me sentindo na maldita série You.

- Culpa minha?

- Sim, foi o que você ouviu. - exclamei. - Já conheci a ex psicopata, a irmã amargurada e agora a mãe alcoólatra. Não preciso nem explicar porque não estou ansiosa para conhecer o pai.

Entendendo o que eu estava falando, Bruno deu um passo na minha direção me fazendo erguer a cabeça para encarar seus olhos.

- Eu te contei tudo que meu pai me fez fazer, como ele conseguiu me obrigar a ficar com a Charlotte, e como eu odiei cada segundo daquilo. - disse, sério. - Então, Helena, na próxima vez, não fala que me entende ou que compreende o que eu passei se no final ainda for me culpar por isso.

E, pela segunda vez naquele dia, outro homem da família Renault virou as costas e se afastou me deixando sozinha.




Voltei rapidinho.

Tchau.

Para Sempre Te AmareiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora