01 ─ O ACORDO COM O DIABO.

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─ Ele... ele não está ─ gaguejo com medo, então tento miseravelmente fechar a porta... mas um deles a empurra com força.

─ Não minta, Julie... pode ser ruim para você.

Eu então me encosto na parede enquanto as três muralhas adentram a minha casa, em busca do quarto do meu irmão. Eu deixo que as lágrimas rolem pelo o meu rosto e cubro meus ouvidos, abafando o som da surra e dos gritos do meu irmão.

Ele estava devendo, era notório isso. Dylan sempre teve problemas com jogos, drogas e bebidas. Achei que ele havia melhorado, mas pelo o visto... ele continua se afundando e me puxando junto.

Não era a primeira vez que esses caras invadiam a minha casa e cobravam meu irmão. Há dias eles estão farejando meus passos e os passos de Dylan.

E a história se repetiria, assim como aconteceu com os nossos pais. Dylan seria morto por dívidas e eu também morreria por culpa dele. Por conta de um vício nojento.

Demora cerca de cinco minutos, até que os três homens deixam o quarto de Dylan e seguem até a porta de saída.

─ Cinco dias, Dylan. Petrovic quer o dinheiro em até cinco dias. Caso o contrário, você será um cara morto. E não pense que irá sobrar só para você, não teremos pena de matar a belezinha da sua irmã ─ o maior grita, passando por mim.

Eu balanço a cabeça e ouço a porta ser fechada com força. Minhas pernas estão bambas como gelatinas e meu coração bate rápido. Demora, até que eu me recomponha e corra para o quarto do meu irmão.

Ele estava jogado no chão, coberto de sangue e com o nariz quebrado. Seu rosto estava todo machucado e havia alguns hematomas nos seus braços.

─ Você está bem? ─ pergunto baixo, o ajudando a tirar a camisa e tentando conter o sangramento do seu nariz.

─ O que você acha? ─ ele cospe o sangue no chão e revira os olhos.

Eu então corro para buscar a caixinha de primeiros-socorros no banheiro e volto para o quarto, deitando o meu irmão na cama e cuidando dos ferimentos do seu rosto.

─ Por que disse que eu estava em casa, caralho? ─ Dylan briga comigo, eu então aperto o algodão com soro em seu rosto com força e ele geme de dor.

─ Não levante a voz para mim, eu sou mais velha que você. E eu não disse que você estava em casa, mas acha mesmo que eles não estão seguindo seus passos e sua rotina? Eles sabem de tudo, Dylan.

Ele então fica calado e solta um suspiro longo, deixando algumas lágrimas deslizarem pelo o seu rosto. Meu coração se aperta, mas não transpareço. Toda a situação está de mal a pior por culpa dele.

─ Nós vamos morrer, Julie. Petrovic não terá piedade de ceifar as nossas vidas.

─ Iremos morrer assim como os nossos pais. Mamãe espancada até a morte e papai morto com um tiro na cabeça. Por dívidas. E sabe de quem é a culpa? É sua!

Fecho a caixinha de primeiros-socorros e encosto minhas costas na parede, sentando na cama ao lado do meu irmão.

Eu sempre tentei ser uma mãe para Dylan e sempre tentei ser a melhor irmã do mundo para tentar suprir a falta dos nossos pais em sua infância. Porém, ele cresceu sendo uma pessoa revoltada e viciada em coisas supérfluas assim como nosso pai. Uma maldita herança herdada e que acabaria me prejudicando. Eu dei tudo para ele... sempre trabalhei e lhe proporcionei a melhor vida. Nunca faltou comida, bebida ou roupas para o meu irmão. Eu já deixei de comer para vê-lo feliz. E sabe como ele me retribuiu? Se afundando num poço sem fundo.

O ACORDO [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now