E como eu disse ao Josh, a mulher sempre tem razão.
- ... Meu time estava perdendo por mais de vinte pontos de diferença, filho. Mais de vinte! - O pai da Ariel me deu um tapa no ombro. - Mas aí eu peguei aquela bola e pensei "Eu vou conseguir". E deu certo. Foi pow, pow, pow, uma cesta atrás da outra. Meu time ganhou, claro, e eu, como sendo o capitão, fiquei muito conhecido. É isso aí, filho, nós temos que querer muito para conseguir. Isso me faz lembrar de uma outra história, muito engraçada essa...
Ai. Meu. Deus. Enquanto o pai da Ariel falava, eu apenas escutava e assentia com a cabeça, olhando em volta. Ariel, April e Colin estavam conversando, sentados na enorme árvore em que nós estávamos. Tava um sol e um calor dos caralho e eu tive que correr pra conseguir pegar essa sombra antes que outros pais pegassem. Meu pai, minha mãe e a mãe da Ariel estavam conversando também. Ariel me olhou e eu a olhei desesperado. O que ela fez? Riu e se virou pra April, mostrando uma flor que ela tinha tirado do chão.
- ... Então, e aí, hahahaha, meu primo estava me ensinando a hahahaha jogar basquete hahahaha...
- Ahm, o senhor gosta de baseball? - Tive que apelar.
- Baseball? Ah, meu filho, eu gosto. Deixa eu te contar do dia em que eu tentei aprender e ao mesmo tempo ensinar Colin... - Porra.
Acho que uma força divina conseguiu ouvir minhas preces e as professoras de artes e literatura apareceram para avisar que já poderíamos entrar no auditório. A mãe da Ariel logo puxou seu marido e começaram a andar. Meus pais começaram a conversar com eles. Pelo menos eles não se odiaram, né?
- Ahm, Zack, me ajuda? - Ariel pediu, com as mãos estendidas. Eu peguei sua mão e a puxei, fazendo-a ficar de pé. - Obrigada.
- Zackiiiiii, me carrega? - minha irmã pediu com os braços abertos. A peguei no colo.
- Claro, princesa. O que achou dos pais da Ariel?
- Eles são legais. Eu gostei do pai dela, ele é engraçado.
- Pelo menos você acha isso - Colin disse e Ariel riu.
- Sofreu muito, Zack? Eu te avisei.
- Não, quê isso. Seu pai é um doce.
- É, um doce estragado. Daqueles que dão dor de barriga - Colin disse. - Toda semana eu tenho que escutar uma história dele. Puta que pariu.
- Que palavra feia, Colin! - April disse.
- Alá, Colin, até a irmã do Zack sabe que isso é feio. - Ariel deu um tapa na cabeça dele.
- Cala a boca, Ariel - Colin disse.
- April, querida, não ligue para o que o meu irmão fala. Ele não é uma boa influência pra você. - Minha irmã riu.
- Meninos são estranhos - ela disse e eu a encarei.
- Isso, continue pensando assim. Meninos são estranhos, então não chegue perto deles. Nem namore. Namorar é estranho.
- Mas você namora.
- Mas é estranho. Não pode namorar nem beijar nem abraçar nem conversar com nenhum menino.
- Eu sei, Zack. Namorar é nojento.
- Essa menina é muito inteligente - falei para Ariel, que riu.
Nós entramos no auditório e meu pai, um senhor muito discreto, começou a acenar loucamente para nós. Minha irmã se sentou ao lado da minha mãe, eu me sentei ao lado dela, Ariel se sentou ao meu lado e Colin sentou entre Ariel e o pai dela.
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A Menina dos Olhos Bicolores
Teen FictionEm sua antiga escola, Ariel Raymonds era considerada "estranha". Caçoavam dela por causa de seu diferente estilo para se vestir e de seu cabelo rosa. Depois de outra briga na escola, a mãe de Ariel resolve mandá-la para o internato St. Dummond High...