Capítulo 15 - Sem Volta

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A casa estava silenciosa, sem nenhum indício de que alguém estava presente. Olívia deixou a bolsa no sofá e começou a caminhar pelo andar inferior em busca de Joyce. Encontrou-a deitada em uma chaise long na sala intima no andar superior. Usava um roupão, tinha máscara espalhada pelo rosto e fones de ouvido. Se aproximou e tocou seu pé, chamando sua atenção.

- Oi amor, já em casa? – Joyce tentou esboçar um sorriso, apesar a argila seca limitar suas expressões faciais.

- Saí um pouco mais cedo do escritório, não quis me prolongar hoje – assentiu ao se aproximar e acariciar seu braço.

- Algum problema?

- Quero conversar algo com você. Ainda falta muito desse spa?

- Nem é um spa day completo. Juliana cancelou minha massagem por causa de um problema qualquer com a filha. Sobre o que quer conversar.

- Lembra da Yanka?

- Yanka? – repetiu a morena sem entender. Forçou a mente para associar o nome a um rosto, sem sucesso. – Não, quem é?

- Aquela moça que você encrencou na Bahia.

Joyce sentiu os músculos se retesarem ao se lembrar da jovem. Agradeceu a argila no rosto que não permitia uma mudança de expressão.

- Eu não encrenquei com ela, vocês que entenderam tudo errado! O que tem ela?

- A mãe dela está muito doente. Teve um AVC e está internada em estado crítico. Monique e eu iremos custear o tratamento dela.

- Você vai o quê?! Ficou maluca, Olívia?! – perguntou irritada, ao se levantar. – Você nem conhece ela!

- Eu conheço Yanka. Monique e eu temos mantido contato com ela.

- Você manteve contato com ela?! Qual é, Olívia?! Vem dizer na minha cara que anda de conversinha com outra mulher?!

- Não é no sentido que está pensando. Ela é uma pessoa muito bacana, mesmo que não consiga ver isso. Enfim, o que quero lhe dizer é que pedi para que o doutor Carlos ir até Porto Seguro para fazer uma avaliação dela. Segundo ele, é melhor uma transferência para o hospital onde ele trabalha.

- E você vai custear tudo isso?!

- Monique e eu.

- Eu não concordo com isso! Você não vai gastar nosso dinheiro com alguém que nem conhece! Tenho certeza que mesmo lá naquele lugarzinho tem um hospital onde ela pode ser tratada.

Olívia encarou Joyce, enxergando a raiva que ela estava sentindo estampada no seu rosto, através da argila que começava a quebrar com os movimentos faciais.

- Primeiro que sua fala foi extremamente preconceituosa – respondeu mantendo a voz calma, porém firme. – Segundo que eu estou investindo meu dinheiro no tratamento dela, não o seu.

- Lá vem você com essa história de preconceito! Eu não estou sendo preconceituosa! Só acho que não é inteligente da sua parte usar um montante desse para cuidar de uma pessoa que você nem conhece! Você sabe que ela não tem condição de te pagar!

- E você sabe ao menos o quanto eu vou colocar de dinheiro nisso?! Também não estou esperando pagamento. Eu vou fazer isso, Joyce, com o seu consentimento ou não. Não estou pedindo sua permissão. Estou compartilhando com você porque quando ela for transferida, Yanka virá junto e ela vai ficar aqui em casa. O mínimo que espero de você é que seja educada!

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