Pela Duda

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- Marquinhos Narrando -

Assim que eu desliguei o celular eu conversei rapidamente com o treinador e fui direto pra casa. Dirigi igual um maluco, devo ter acumulado um monte de multa. Quando estava chegando em casa o meu celular tocou e eu vi que era minha mãe, apertei um botão no painel e atendi.

- Ligação On -

Dona Alina: Aonde você está? - perguntou assim que eu atendi

Marquinhos: Chegando em casa já - falei entrando na minha rua

Dona Alina: Entra pelo portão de trás, a outra está aqui na frente - falou e eu assenti mesmo sem ela vê

Marquinhos: Ta bom - falei e ela desligou

- Ligação Off -

Assim que eu desliguei estacionei o carro e entrei na minha casa, fui pra sala e encontrei a minha mãe, ela apenas apontou com a cabeça pra cima e eu entendi que a Duda estava lá. Subi em silêncio e passei no quarto da Duda mas não tinha ninguém, fui pro meu e encontrei ela deitada na cama agarrada com a Lara e a Chanel deitada perto delas.

- Papai - Duda foi a primeira a me notar

- Ei, princesa - me aproximei da cama e ela ficou em pé, percebi que o rosto dela estava bem vermelho

- Duda tá com medo - falou esticando os braços e eu peguei ela no colo

- Medo? - perguntei confuso

- A coisinha agarrou ela, foi abraçar e ela ficou desesperada - Lara explicou me olhando

- Estava tudo tão bem e agora ela aparece - me sentei na cama com a Duda no colo

- Você sabia que uma hora ela iria aparecer, amor, pensa que pelo menos ela aparecendo agora já se resolve tudo - Lara falou me olhando

- O que eu mais quero é resolver logo tudo - falei passando a mão no rosto - Se a Duda não existisse eu iria mandar logo ela se fuder

- Mas a Duda existe - me lembrou calma e passou a mão no meu rosto - Vai lá resolver isso

- Fica com ela pra mim - dei um beijo na testa da Duda e ela pegou a mesma no colo - Papai, já volta

- Ta - falou e começou a mexer no cabelo da Lara

Quando eu desci minha mãe saiu da sala e uns dois minutos depois a Carol entrou. Ela olhou em volta, analisando toda a casa e fixou os olhos em mim. Ela estava exatamente como eu me lembrava, mas diferente de quando estávamos juntos a presença dela só me fazia sentir nojo.

- Marquinhos - falou tentando sorrir

- Carolina - acenei com a cabeça e me sentei

- Sua mãe e sua empregadinha nova não me deixaram entrar - falou se sentando

- Primeiro que ela não é minha empregadinha - falei sério e ela me olhou surpresa pelo meu tom - E segundo que quando o dono da casa não está pessoas não devem tentar invadir a casa sem autorização

- Mas a casa também é minha - falou como se fosse óbvio - Ou esqueceu que somos casados?

- Sua mãe não te contou? - perguntei rindo sem humor

- Contou o quê? - perguntou confusa

- Quando você foi embora eu esperei, cheguei a pensar que era uma brincadeira de mau gosto sua - falei engolindo a seco - Mas o tempo foi passando e você simplesmente não apareceu

- Mas eu estou aqui, podemos conversar e tentar nos resolvermos - falou me interrompendo - E tem a nossa princesinha também - quando ela mencionou a Duda me subiu um ódio tão grande que eu me segurei pra não avançar nela

- O primeiro mês a Maria Eduarda deu entrada quase todos os dias no hospital com febre alta e sempre o diagnóstico era febre emocional. Até no psicólogo ela teve que ir. E finalmente ela melhorou quando se esqueceu de você. Tudo por sua culpa, Carolina. - contei segurando a vontade chorar quando me lembrei por tudo que a Duda sofreu e eu percebi que ela vacilou e os olhos se encheram de lágrimas - Eu contratei um advogado e marcamos uma audiência, com testemunhas, inclusive a sua mãe, o juíz me concedeu o divórcio e você perdeu tudo. Inclusive a guarda da Maria Eduarda

- Como assim? Ela é minha filha - falou desesperada

- Agora você lembra que ela é sua filha? - perguntei com raiva - Na hora de ir embora você não pensou nisso, né? Foi muito fácil fingir que ela não existia e agora aparecer com essa cara mais lavada do mundo e esperar que estivesse tudo como você deixou

- Eu tenho os meus direitos - falou alto mas eu dei um olhadão pra ela que rapidinho abaixou a voz - Eu me arrependi e voltei, eu quero a minha filha

- Você não quer porra nenhuma - falei com a voz firme e ela se assustou quando eu me levantei - Eu vou conversar com o meu advogado e você só vai se aproximar da Maria Eduarda depois que a psicóloga falar que ela está pronta, entendeu?

- Entendi - falou soluçando e limpou o rosto

- Eu não tô fazendo isso por você - neguei passando a mão no cabelo - Se dependesse de mim você nunca mais olharia pra ela mas eu não posso negar isso pra minha filha. Se ela crescer e quiser ser sua amiga é com vocês, como também vai ser com vocês se ela não querer aproximação

- Ela não se lembra de mim? - perguntou chorando

- Não - falei sério

- Eu posso vê-la um pouco? - perguntou limpando o rosto

- Ela está assustada - falei e ela assentiu - Você assustou ela

- Tudo bem - falou fungando - Aonde eu posso ficar?

- Que? - perguntei sem entender

- Eu não tenho aonde ficar - falou e eu ri negando com a cabeça

- Se vira - falei apontando pra porta, ela ficou me encarando mas depois de um tempo saiu sem falar nada

Assim que ela saiu a minha mãe voltou pra sala e me abraçou. Fiquei um tempo abraçado com ela e quando a vontade de chorar passou eu soltei ela.

- Você fez o certo - falou tentando sorrir

- Pela Duda - falei firme

- Pela Duda - afirmou - Vai lá nas meninas que eu vou fazer uma comidinha pra você

- Mãe, não precisa - tentei negar

- Você precisa de comida de mamãe - falou e eu ri baixo

- Ta bom - falei e subi, fui direto pro meu quarto e elas não estavam. Tirei minha roupa e fui direto pro box. Estava com os olhos fechados embaixo do chuveiro e tomei um susto quando senti uma mão no meu ombro - Puta que pariu - falei assustado e a Lara riu me olhando

- Tá devendo, neguinho? - perguntou rindo

- Nem te conto o quanto - falei rindo e ela sorriu

- Como você está? - perguntou me olhando

- Surpreendentemente tranquilo - falei pegando o vidro de shampoo - O tempo todo eu pensei na Duda e em não perder o meu réu primário

- Um bom ponto não ser preso agora - brincou e eu sorri

- Lara, para - falei sem graça

- Com o que, amor? - perguntou confuso

- Eu estou reparando em você olhando pro meu pau - falei com vergonha

- Posso fazer nada se você tem uma piroca deliciosa - falou como se fosse óbvio - E minha - completou séria

- E sua - coloquei o vidro do shampoo no lugar e me assustei levemente quando ela entrou no box - Você não tem jeito

- Não tenho - falou e eu puxei ela pela cintura

- Você é linda - falei olhando nos olhos dela

- Lindo - sorriu olhando nos meus olhos e eu dei um selinho demorado nela e abracei a mesma.

Uma das coisas que me encantava na Lara e me deixava mais apaixonado por ela era essa calma e a vontade de sempre deixar o ambiente tranquilo. Ela me acalmava de uma forma que ela nem tinha noção.

Ohana Onde as histórias ganham vida. Descobre agora