— Essa é a parte chata da vida — encolho os ombros. — As pessoas que amamos não duram para sempre — emito, me lembrando de coisas que quero esquecer. — Uma vez, uma pessoa muito especial pra mim, me disse que a partida de uma pessoa que amamos nunca é eterna.
Henry sorriu pequeno, mostrando as covinhas em suas bochechas coradas.
Meu celular começou a vibrar no tapete felpudo da sala. Puxo o aparelho para perto, vendo que se tratava de um número desconhecido.
— Já volto — prometo, afastando os vários lápis espalhados pelo chão para poder me levantar.
Caminho até as portas de correr, entrando na cozinha vazia. Atendo a ligação, batendo as costas contra o balcão, assistindo as gotas de chuva se chocarem com a vidraça da janela.
— Anna? — a voz de Daniel fez uma brisa fria se movimentar pelo meu estômago.
Escondo uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Daniel — franzi o nariz, desviando o olhar para o chão. — Como conseguiu o meu número?
— Estou te incomodando? — questionou se sobressaindo da minha pergunta.
— Ahn... não, é que não me lembro de ter te passado o meu número.
— E não passou. Eu pedi pra Hilary depois de você ter ignorado o meu e-mail.
Reprimo os lábios, torcendo o nariz. Me esqueci completamente daquele e-mail.
— Desculpe.
— Não precisa se desculpar, Anna — mesmo sem poder vê-lo, sei que ele está sorrindo. — Sei que o clima ainda está pesado entre nós.
— Você tem razão — sinto minha língua cocar com a vontade de perguntar sobre o que realmente queria saber, mas me segurei. — Podemos conversar quando eu voltar para o colégio? — encaro a vidraça novamente.
— Claro, como você quiser — proferiu. — Tchau, a gente se vê amanhã — e sem esperar por uma resposta, ele desligou.
Respiro fundo, pensando em como será difícil fazer ele confessar o motivo para estar ameaçando o Arthur.
Assisto a chuva melancólica pela janela do quarto de hóspedes.
Henry acabou dormindo. Mei o levou para o quarto e eu me empenhei em responder as mensagens da Susie.
Estreito os olhos quando vejo Ethan peregrinar ao redor da borda da piscina, ele não parecia se importar com o frio ou com a chuva tênue, que parecia incapaz de ensopa-lo.
Soltei o aparelho em cima da cama e me levantei, pegando um casaco qualquer e saindo do quarto.
Desço as escadas, percorrendo até a parte exterior da casa. Parte de mim se arrependeu exageradamente quando senti o sopro álgido passar pelo meu corpo.
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Só Mais Um Clichê
Teen FictionDepois de perder a irmã, algo dentro de Anna Liz mudou. A dor foi capaz de mudá-la exageradamente. Além de sentir que perdeu uma parte dela, pouco tempo depois Liz teve que lidar com o seu coração reduzido a pó, deixado pelo melhor amigo quando ele...
Capítulo 14 - Back to school
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