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24 de julho de 1988


Hermione aparatou no meio da sala do Largo Grimmauld já no fim da tarde. Ainda tinha suas ressalvas por estar ali, não sabia se devia. Tentava se acalmar pensando no fato do próprio Kingsley tê-la dado autorização para fazer aquela operação, mas ainda assim... Parecia trapaça.

Já há um bom tempo a garota tinha deixado de ser tão atrelada às regras, mas parecia-lhe errado pensar em reconstruírem o Ministério em cima de concessões e parcialidades. Não era para aquela situação ser esse tipo de acontecimento. Não era uma parcialidade, de forma alguma. Era um aviso oficial, uma precaução, só.

Harry não estava trabalhando naquele dia, descansando de uma longa vigília em Azkaban, tendo durado toda a noite anterior. Não demorou para Monstro aparecer na sala, indo recebê-la com uma reverência.

— Sente-se, minha senhora — ele pediu, indicando o sofá. — O que deseja?

Ela não gostava daquilo. Ainda não conseguia acreditar que Harry não tinha libertado Monstro. "O Monstro não quer", ele dizia. "Surta e se atira aos meus pés implorando para eu não fazer isso com ele". Não era motivo. Era só libertá-lo, pagar-lhe um salário e mantê-lo trabalhando ali.

Suspirou. Havia muito para cuidar agora. Infelizmente, os elfos teriam de esperar até ela se formar em Hogwarts.

— Eu preciso falar com Rony e Harry. É bem importante.

— Meu senhor Potter está dormindo. O senhor Weasley foi passar o dia na casa dele. Meu senhor Potter disse que não devia acordá-lo nem se a casa pegasse fogo, senhorita Granger.

E, como ela conseguia bem imaginar, isso queria dizer que o elfo estava disposto a praticamente qualquer coisa para manter Harry adormecido. Inclusive impedi-la de ir chamá-lo ela mesma. A garota sorriu, tentando não demonstrar a frustração, e tirou um livro da bolsa.

— Vou esperar aqui, então, se estiver tudo bem.

— Deseja chá com biscoitos?

— Não, obrigada. Só vou esperar mesmo.

Monstro fez mais uma reverência e deixou a sala, voltando para fazer qualquer de seus afazeres na cozinha. Sem ter muita opção no momento, Hermione pegou o livro, se recostou contra o sofá e começou a ler.

Harry ainda demorou uma hora inteira para acordar. Quando o garoto enfim desceu para a sala, de roupão e calças, desgrenhado e ajeitando os óculos, pareceu muito surpreso em ver Hermione ali. Ela fechou o livro com um sorriso, acenando para ele.

— Eu não sabia que vinha — comentou. — Teria me levantado...

— Imagine, Harry. Fiquei sabendo que essas rondas em Azkaban estão sendo muito estressantes e exaustivas. Você merece o descanso.

O garoto sorriu pequeno.

— Me dê um instante. Vou tomar um banho e vestir algo decente, e volto para lhe acompanhar — ele respondeu,virando-se de volta para as escadas. Parou depois de dois degraus, virando de volta para ela. — Ah! Rony não está.

— Eu vou precisar dele também — a garota comentou.

— Hm. Diga a Monstro para buscá-lo. Podemos todos jantar juntos.

Ela abriu a boca para informar seu nulo interesse em dar qualquer ordem a Monstro, mas Harry já tinha dado as costas escadas acima. Ela olhou para a cozinha, aflita, contendo um muxoxo na garganta. Não dava para dizer que não entendia o porquê de Harry manter Monstro com ele. Sabia como ele tinha sido tratado na casa dos tios, devia ser muito libertador ter Monstro ali, agora. Além disso, ele morava sozinho. A companhia de Monstro de certo fazia diferença.

Marcas de Guerra (Espólios de Guerra 1)Where stories live. Discover now