Capítulo 10 - Cuidados e confidências

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Girei a chave na fechadura e abri a porta, parando na entrada e permitindo que AJ entrasse primeiro

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Girei a chave na fechadura e abri a porta, parando na entrada e permitindo que AJ entrasse primeiro.

Assim que fechei a porta, senti algo peludo encostar em minha perna e olhei para baixo, me deparando com Pipoca abanando o rabo freneticamente.

- Que coisinha mais fofa, meu Deus! - AJ se agachou e Pipoca correu em sua direção, passando por baixo de suas mãos. - Como se chama?

- Pipoca, e é melhor tomar cuidado. Ele não gosta de estranhos.

Pipoca correu ao seu redor e parou em frente à ele, em uma alegria assustadoramente contagiante. AJ deslizou sua mão pela cabeça do pequeno cachorrinho, em um carinho leve.

- Sinto dizer, mas Pipoca me ama - AJ o pegou em seus braços e começou a conversar com ele, fazendo uma voz fina e fofa.

Mas que abusado!

- Não acredito que fui traída assim - fingi estar indignada e sorri em seguida, desmanchando minha pose de mãe-traída-pelo-próprio-filho. - Senta no sofá, vai. Já volto.

Caminho em direção ao banheiro do meu quarto e entro na parte da despensa, acendendo a luz. Haviam alguns focos de poeira pelas prateleiras, o que me remete a lembrar de fazer uma boa limpeza ou eu começaria a espirrar a qualquer momento.

Ao ver a pequena caixa transparente de primeiros socorros, pego-a rapidamente e apago a luz antes de sair.

Quando chego na entrada da sala, vejo AJ sentado no sofá, como pedi para que fizesse, com Pipoca em seu colo, ainda abanando o rabo para lá e para cá. Esse cachorro é um traidor da pior espécie.

- Viu? Pipoca me ama, acho que até mais do que a você. - AJ murmura e nego veemente. Vou até a geladeira e pego dois cubos de gelo e um pequeno pano de dentro de uma das gavetas da parte debaixo do armário.

- Pipoca é meu filho. Não pode amar mais você, que é um estranho, do que a mim, que sou a mãe dele. - Exclareço com seriedade, enquanto sento do seu lado e coloco a caixa em cima da mesinha em minha frente. Cubro os dois cubos de gelo com o pano branco e faço uma trouxinha, como já vi minha mãe fazer diversas vezes, tudo sob o olhar supervisionador e atento do garoto machucado ao meu lado.

- Mas eu não sou um estranho. Já sou praticamente de casa - ele fala num tom convencido, como se realmente acreditasse nisso. Estou lidando com a pior criança birrenta do mundo.

- Isso vai doer um pouco - aviso assim que pressiono os cubos de gelo cobertos pelo pano sobre a pele cortada no canto de sua boca. AJ grunhe, desvencilhando das minhas mãos como se tivesse acabado de levar um choque.

- Caramba, Any.

- Eu disse que iria doer, não disse?

Ele me olha com indignação.

- Você avisou na mesma hora que colocou. Eu não tinha me preparado ainda.

AJ tenta levantar do sofá, porém puxo seus braços para baixo, impedindo sua ação.

The Contract • 𝐀𝐉 𝐌𝐢𝐭𝐜𝐡𝐞𝐥𝐥 & 𝐀𝐧𝐲 𝐆𝐚𝐛𝐫𝐢𝐞𝐥𝐥𝐲Onde as histórias ganham vida. Descobre agora