Eu Vou te Deixar Livre.

Começar do início
                                    

O calor de Jungkook precisava percorrer o mundo e os olhos curiosos tinham que se adaptar conforme o brilho que ele emanava, Tae não se sentia capaz de receber os raios quentinhos que o sorriso de Jungkook lhe entregava todas as manhãs, ele não achava que um dia iria conseguir devolver na mesma intensidade todos aqueles sentimentos bons que Jungkook fazia nascer em seu coração dilacerado. Foi ali, naquele bar que Tae começou a frequentar diariamente, que ele se lembrou com detalhes o porquê de odiar tanto o verão.

Tae acordou assustado, suas costas estavam molhadas e o seu corpo tremia de medo. Ele tinha adormecido sem querer, e mais uma vez sua mente foi atormentada por aquela voz medonha, trazendo mais dúvidas e conflitos para dentro do seu coração. A cada sonho que tinha com seu padrasto, Tae ficava mais convicto de que não poderia continuar junto de Jungkook. 

Ele estava tendo pesadelos, os piores tipos de pesadelo, daqueles que dominam a mente vinte e quatro horas por dia. Seu horário de sossego não foi o mesmo desde que Jungkook se declarou para ele.

Os sonhos começavam do mesmo jeito, com ele e Jungkook se amando num quarto confortável de um chalé qualquer, lá eles se entregavam de corpo e alma enquanto o pôr do sol beijava a pele nua de ambos através de uma frestinha da cortina branca. Era uma vista linda e Tae finalmente podia sentir a epiderme quente e macia de Jungkook escapar pelos seus dedos devido ao aperto excessivo, ele podia sentir a respiração de Jungkook tão perto da sua, que a sensação que Tae tinha era a de que eles eram um só. Eles eram um só.

Mas, antes que pudesse atingir o momento máximo de prazer, Tae era sequestrado do seu conto de fadas particular pelo padrasto, em fração de segundos aquele sonho colorido se tornava um verdadeiro filme de terror onde a única coisa que Tae escutava era o timbre forte de Reginaldo lhe dizendo as mesmas palavras dolorosas, que disse no primeiro dia de um verão qualquer.

A sua vida era uma bagunça, seus pensamentos estavam atolados em um morro de desilusões e o seu coração desistia aos poucos de querer ser feliz. Ele não podia, nem queria deixar Jungkook se contaminar com suas merdas mal resolvidas, ele não iria permitir que Jungkook sofresse tentando lhe resgatar de um buraco sem fundo.
Ele estava determinado a tomar uma atitude antes que fosse tarde demais e o seu coração usasse suas últimas energias para bater numa frequência que colocasse Jungkook cada vez mais dentro da sua alma. 

— Eu preciso dar um jeito nisso. — A Escuridão passou a mão por seus cabelos suados e suspirou indo em direção ao banheiro.

[...]

Semana de provas, o período onde ninguém fala com ninguém e o desespero para estudar as matérias acumuladas toma conta. Todo mundo estava acabado e com olheiras maiores que a de um panda, a única coisa que aliviava o stress era saber que aquele era o último dia de sofrimento e eles poderiam voltar a ser os adultos irresponsáveis de sempre.

— Tá legal galera, não aceito um não como resposta. — Rafael levantou meio desajeitado, pisou na mão de Guilherme e ficou no meio da rodinha de amigos, eles estavam esparramados na grama do campus.

— Cacete, cê não tá vendo minha mão? — Guilherme tragou o cigarro que estava entre seus dedos, enquanto sacudia a mão machucada numa tentativa inútil de espantar a dor.

— Vou fazer uma social na minha casa amanhã e quero todo mundo lá. — Rafael olhou desafiador para os amigos antigos e para os novos amigos, procurando qualquer sinal de desistência para poder refutar.  —  Levem só o que for beber, o resto é por minha conta. — sorriu e se sentou novamente.

— Sério? Tô tão cansado que só pensei em dormir... — Tae não conseguiu terminar sua frase, pois os olhos brilhantes de Rafael e Jungkook imploravam para que ele fosse. — Tudo bem. — Suspirou vencido.

Enquanto Houver Sol...Onde histórias criam vida. Descubra agora