Amor Venusiano

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Como se numa concha gerada,
Sob invólucros espumosos,
De meus desejos faço suntuosos;
Em concordância  à natureza preponderada.

Não mantenho os pecados de Narciso,
Mas da beleza pinto autoimagem;
Em traço fino e preciso,
Elemento da paisagem.

Em pedestal inserida,
Abraçada a solidão, fez-se amiga;
Porquanto  me julgaram,
Exigir rosas, seda, safiras e rubis,
Para compensar coração infeliz.

Para luxos tampouco me importo,
Quero mesmo quem repousar ao céu de Olimpo,
E oferecer das mais nobres uvas;
Ainda que nada mal seja por ora dissociar desse limbo,
Perder-me a ti na mortalidade, dançar sob a chuva.

Entorpe EssênciaWhere stories live. Discover now