8. Improviso

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Tatiana

Gostar de alguém muda o jeito como a percebemos.

Antes, Marcus sorria e era isso: só um sorriso.

Agora, algo em seus lábios parecia sempre prender minha atenção.

Especialmente quando sorri.

E é isso mesmo que está fazendo agora.

Sorrindo, enquanto ajuda os funcionários a colocar as mesas da Pamela no lugar.

Tirou o paletó e gravata, desfez os primeiros botões da sua camisa social e eu, que também deveria estar ajudando, abandonei qualquer atividade para apreciar a vista.

Ele é lindo.

Sabe como alguns caras tem beleza e outros tem charme? O Marcus tem porte.

Não que não tenha beleza ou charme... ele tem as duas coisas. Mas seu porte é o que realmente chama atenção.

Ele tem atitude exalando pelos poros: é o seu modo de andar e de sorrir. Tem uma elegância natural de homem bem esperto e bem decidido que poderia fazer exatamente a coisa certa ou exatamente a coisa errada, a qualquer instante, sem jamais confundir as duas.

Engulo em seco.

- Aqui. - ofereço um copo imenso de água gelada - Melhor tomar cuidado ou vai ficar todo suado antes mesmo da festa começar. - provoco.

- Não se preocupe comigo.

- Você diz isso, mas não para de carregar coisas para todos os lados!

- Combino uma coisa com você! - promete - Se eu ficar suado, te deixo me dar um banho. - ele quase esconde a última palavra na borda do copo enquanto bebe a água. Mas eu a ouvi muito bem. E ele me encara só para ter certeza. - Não? - sorri, ao abandonar o copo - Não está interessada? - paro de respirar. Nunca sei o que responder quando ele decide ser direto. Eu sei como lidar com o amigo cuidadoso que nunca admite seus sentimentos por mim, mas esse Marcus das últimas semanas: esse que diz exatamente o que quer e pressupõe que eu quero o mesmo... não faço ideia de como lidar com esse. Desvio o olhar para o chão, tentando escapar de sua análise. Sua risada é baixa, mas me conforta quando continua - Você está linda.

Linda.

Eu desisti do vestido de pérolas.

Desisti do vermelho e do azul marinho também.

Escolhi um preto simples.

Um colar e um par de brincos de diamantes. Os cabelos presos em um rabo de cavalo alto.

Passo meu polegar sobre o meu dedo nu, onde antes ficava a minha aliança. É como um membro fantasma. Ainda consigo senti-la ali mesmo que já tenha ido embora há muito tempo.

- Obrigada. - devolvo, educada.

- Sempre linda. - murmura.

- A festa também! - aponto, tentando me salvar - A anfitriã caprichou!

A Pamela não poupou esforços.

A piscina de borda infinita no meio do gramado da sua casa de campo está cercada de abajures de papel, redondos pendurados nas árvores, retangulares em moldes de madeira escura no chão. O pôr do Sol evidenciando a luz amarela dentro de cada um deles. Uma infinidade de mesas e poltronas distribuídas por tapetes estampados que forram grama e pedra crua, prontos para serem ocupados pela centena de convidados. A ponte de madeira, que cruza a piscina, iluminada por velas. A música é um jazz suave. O bar parece ter sido entalhado em troncos. A mesa de frios é de madeira rústica, ornada por pequenos arranjos de galhos secos e esbranquiçados emoldurando umas poucas flores exóticas. A comida é divina. Dá pra saber só pelo cheiro.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 27, 2021 ⏰

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