— Posso ter liberdade ao menos para terminar meu banho?

— Isso é uma exigência ou uma pergunta?

— Isso quer dizer: cai fora — digo grosseira, adicionando um toque irônico em seguida: — Por favor.

Por um momento, esqueço que preciso fazer ele se apaixonar por mim e tenho vontade de rir com minha imbecilidade. Vai ser mais difícil do que pensei agir como uma menina louca para cair nos encantos dele. Imagino que homens assim gostem dessa submissão. Preciso agir como tal, enquanto meu plano de fuga ainda não tem sucesso.

— Alguma coisa me diz que você não quer que eu vá — a voz dele irrompe quando pensei que já havia ido embora, tamanho seu silêncio.

Seus olhos observam minhas costas. Sinto-as queimar.

— É? E quem disse isso? As vozes da sua cabeça?

— Seus pelos arrepiados, sua cabeça tombando para o lado para me olhar por cima do ombro, o modo como seus olhos desviam, as pernas abertas na banheira. — Eu automaticamente as fecho, a vermelhidão se espalhando mais pelo rosto. — E você não pareceu muito convincente no seu cai fora. Está gostando da minha companhia, Caligari?

Odeio quando ele me chama assim.

Ao mesmo tempo, é minha chance de me tornar menos arisca. Fingir cair em seus braços.

— Se você quiser ficar, não me importo. — Dou de ombros. — Não tem nada de interessante aqui.

— Tem muitas coisas interessantes aqui.

Fico calada, com medo de responder e acabar gaguejando. O clima se torna cada vez mais quente, principalmente da cintura para baixo. Por que não atiro o sabonete nele para mostrar que não o quero aqui? Não posso fazer isso. Preciso dele caindo, preciso usar todos os dotes que Anita diz que tenho para fazer homens babarem por mim: minha virgindade. Não é isso que ele quer, no fim? Não sou um hímen intacto ambulante, pronto para ser estourado?

Mas até onde conheço Eric nesses poucos dias, ele não gosta de inexperiência. Então como posso fazer? Não sou nenhuma atriz para atuar tanto.

Enquanto penso, ele volta a falar.

— Você dispensou as criadas para te ajudar no banho. Como pretende lavar suas costas? — Eric se desencosta da pilastra e se aproxima de mim. O alarme dentro da minha cabeça dispara e o meu instinto me manda ir para o outro lado da banheira.

Mas paraliso quando ele segura uma das esponjas e se abaixa bem ao meu lado. Sua respiração toca meu pescoço, parecido com quanto estávamos um do lado do outro na mesa. Com a diferença de que agora estou nua, despida em todos os sentidos, vulnerável. Não consigo me mostrar forte como anteriormente. Ninguém conseguiria.

Ele me pegou num momento muito delicado. Planejado ou não, quando percebo, não estou respirando por causa da sua proximidade.

Sou sua presa, prestes a ser devorada.

— Cubra os seios se preferir.

Tenho vontade de mandá-lo ir se foder, mas a de fazê-lo se apaixonar por mim para me livrar logo desse pesadelo é maior. Resignada, levando os braços e me cubro. Estou numa posição submissa agora.

Posso sentir o sorriso sujo queimando as minhas costas.

— Boa menina. Está aprendendo rápido.

Eric afunda a esponja na água e passa a esfregá-la. Macia, mas áspera em alguns momentos para esfolear a pele. Eric não tem pressa; com uma delicadeza que eu não esperava, os movimentos circulares são feitos com lentidão. Fico na expectativa de algo que nem sei o que é. Ele continua os movimentos, ensaboando, pegando a água numa concha na mão e derramando sobre as minhas costas, retirando o sabão com uma tanta suavidade que é impossível não relaxar. Começo a me sentir cuidada. Tenho noção do perigo, mas é irresistível depois de dias de tensão. Cada vez que ele derrama água na minha pele, o som do processo me relaxa.

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⏰ Última atualização: Jan 21, 2021 ⏰

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