Eu dei fim naquela conversa.

Por fim, eu corri daquele terraço sem olhar para trás, apenas deixando que as lágrimas que já escorriam por meu rosto caíssem cada vez mais. Palavras amargas faziam com que todo o meu sistema nervoso entrasse em um tipo de colapso capaz de me enlouquecer. Elas eram como gatilho para o despertar de todos os tipos de monstros que se escondiam nas profundezas dos meus sentimentos mais intensos e insanos. Sendo assim, era eu contra eu mesma. Lutando uma guerra sozinha e sem a ajuda de ninguém. 

Apenas eu sabia o que estava enfrentando e apenas eu poderia ter forças para aguentar aquela dor que gritava em meu peito.

A sensação de ter várias agulhas invadindo todo o meu corpo, em uma tortura inacabável e eterna, fazendo a minha respiração ficar descontrola era tão presente que por um segundo eu pensei que morreria no meio de um daqueles corredores.

E por sorte eu consegui entrar em um banheiro feminino próximo ao lugar onde eu andava. Estava vazio graças ao sinal que acabara de tocar. Ao menos ninguém me veria naquela situação deplorável.

Após me trancar em uma das cabines, eu abracei os joelhos e escondi o meu rosto começando a chorar baixinho.

Um...

Dois...

Eu me sentia em total desequilibro, tanto físico quanto mental. Meu corpo tremeu conforme o choro aumentava, assim como meus soluços que ficavam altos e incessantes.

Três...

Quatro...

Passei a contar procurando recobrar a consciência e o controle sobre o meu corpo.

As minhas mãos não paravam de tremer, de tal modo que foi difícil conseguir pegar os remédios em minha mochila. Calmantes. Apesar de serem uma ajuda, eu os odiava com toda a minha alma.

Flashes surgiam em minha mente da pequena Hana indefesa e inocente destruindo a máscara que encobriu toda a mentira os quais seus pais perfeitos lhe contaram.

Dez... Onze... Vinte... Cinquenta...

Engoli os remédios de uma vez sentindo um incômodo enquanto eles desciam por minha garganta.

Eu quase tossi, mas não o fiz graças ao som da porta do banheiro sendo aberta. Agora eu não estava sozinha. 

Precisamos de fotos para o jornal da escola... — Uma voz feminina se fez presente junto com passos dentro do banheiro. — O que? Mas o Seungmin não pode fazer as fotos junto com você, Jeongin? — A tal garota deveria estar em uma ligação.

Menos mal.

Me encolhi ainda mais dentro daquela cabine esperando não fazer tanto barulho e que aquela garota fosse embora logo. Mas enquanto eu me mexia aos poucos, o meu celular que estava no bolso da saia escolar, caiu no chão fazendo um som estridente.

Incrível, Hana. Você é incrível.

— Tem alguém aí?

Os passos se aproximaram da cabine onde eu estava. Fechei os olhos fortemente pensando em uma maneira de sair daquela situação. Seria constrangedor se ela me visse naquele estado. Nem levantar as minhas mãos eu estava conseguindo. A tremedeira não parava até que o efeito dos remédios se fizessem presentes.

Então com um certo esforço eu disse:

— Eu estou bem...

As palavras soaram trêmulas, o mais óbvio vindo de uma garota que chorava como um bebê longe da mãe há poucos segundos. Eu estava mentindo. Eu estava mentindo enquanto a minha alma gritava por socorro.

Heart To Heart | Hwang Hyunjin [HIATUS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora