- Vingt-deux -

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- Point de vue 》Grace -
- Paris 》France -
- 28, Décembre 》2020 -


__ Desculpa, senhorita! Ninguém pode entrar. __ fui barrada por um enfermeiro, que impediu que eu adentrasse à sala por onde levaram a Michelle.

Frustrada e desesperada, bagunço meus fios de cabelo; sentando-me mais uma vez em um dos bancos.

__ Eu serei forte! Eu sou forte! Dará tudo certo... __ tentei dizer para mim mesma, porém o nó enorme de choro entalado em minha garganta, interrompeu-me. __ Dará tudo certo! __ como todas às vezes, recompus-me rapidamente; vendo logo em frente a doutora Zaia vir em minha direcção apressada.

Levanto-me.

__ Grace! __ parou a minha frente. __ Você está sozinha nessa e precisará ser forte!

Era dessa fase da estória que eu temia... a fase em que eu estaria sozinha; a fase em que teria de tomar decisões difíceis; a fase em que sentiria medo de perder as duas pessoas mais importantes da minha vida... era exatamente dessa fase que eu temia.

__ A sua avó, __ começou, e só com esse trecho acho que meu coração deve ter falhado algumas batidas. O medo é enorme. __ Ela quer ver você. __ soltei um meio suspiro, de alívio. __ Mas, __ revirei levemente os olhos. Tinha de ter um mas. __ Ás condições em que ela se encontra não são nada agradáveis. Você tem de ser forte nisso. __ lágrimas escorreram pelo meu rosto. __ Ela quer fazer um pedido à você. __ assinto me esforçando para segurar o resto das lágrimas.

Em silêncio, segui a médica até a sala isolada em que minha nonna se encontra; mas antes, pediram-me para que vestisse uma roupa mais apropriada, ou seja, bata, luvas, viseira, meias e claramente uma máscara.

Coloquei o primeiro pé para dentro do quarto, atravessando a enorme porta de vidro. Automaticamente minhas lágrimas desceram, ao ver minha avó deitada sob uma maca.

Dona Valentina está completamente debilitada. Sua pele está inflamada e vermelha; é como se o sangue quisesse perfurar sua pele, e quisesse derramar. A ponta dos seus dedos está avermelhada demais. Seu nariz também está inflamado e vermelho - quase roxo. - Aproximo devagar, e aos poucos ela foi notando a minha presença. Olhou para mim, e seus olhos estão assustadoramente vermelhos.

Minha vontade é gritar, chorar, extravasar e explodir.

Ela não merece passar por tudo isso.

Com esse pensamento, soluço pelo choro e seguro sua mão delicadamente.

__ Não pode tocá-la! __ Dra. Zaia avisou, fazendo com que largue a mão da senhora.

__ Nonna... __ desabo em lágrimas, e para não gritar e vandalizar, coloco minhas mãos em frente a boca; inclino levemente para frente.

__ Mi naso de Cenerentola... __ com dificuldades, minha avó falou usando o apelido que atribuiu-me quando criança; na época em que fui Miss Sicilia Mirim. Na época, eu adorava ser modelo - isso até hoje - e mesmo muito nova, já sabia às regras que uma modelo deveria cumprir, e uma delas era ter postura; e de nascença eu tenho um nariz avantajado, por essa razão ela apelidou-me nariz de Cinderela. __ Acho que chegou a minha hora... Eu não posso mais continuar ligada à
estas máquinas, sabendo que chegou o meu momento.

__ Nonna, não fale uma coisa dessas, por favor... __ fui interrompida.

__ Eu já vivi tudo o quê tinha de viver... __ pausou e tossiu. __ Quero que você assine a autorização para doar os meus órgãos.

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