Capítulo 3

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Eu passei praticamente a manhã inteira fazendo trabalhos e resumos para Oliver, enquanto ele me encarava da sua carteira com aquele sorriso presunçoso de quem ganhou a batalha.

Mas eu não havia perdido a guerra, ainda.

Enquanto eu copiava suas últimas anotações, uma voz grossa se faz presente na sala, chamando atenção do professor que agora estava em pé, de frente para o grande quadro branco, escrevendo em várias línguas uma mesma palavra e sua definição.

— Senhor, quando iremos fazer as provas finais? — Era Jacob, um dos garotos que frequentava a aula de música junto comigo e que namorava uma garota de cabelos curtos. Os dois eram bastante devotos a Cristo e a religião, tanto é que, rolava boatos de que não se tocavam ou ficavam muito perto um do outro para não cederem aos prazeres da carne.

Isso sim era algo de se admirar, mas não se tomar como exemplo.

Oliver endireitou a postura e caminhou ficando a frente de sua mesa e observando todos. Seu olhar parou em mim e eu abaixei a cabeça, retomando a escrita e tentando terminar rapidamente aquela tarefa árdua.

— Creio que, daqui a uma semana, preciso corrigir tudo e talvez, passarei um teste surpresa por esses dias para testar se estão mesmo aprendendo em minhas aulas! — Ele revela e eu bufo. Isso era tão errado! Porque tínhamos que ficar aqui, enquanto poderíamos estar de férias e curtindo finalmente nossos dias de descanso? Afinal, porque EU tinha que estar aqui?

Minhas notas são excelentes e não sei como até agora meus pais estão achando essa ideia aceitável. Até esse momento, eles deveriam ter ligado para cá e a diretora contou sobre as mudanças de planos de última hora. O mínimo que poderiam fazer era não concordar com essa loucura e me deixar ir viajar de volta para casa.

— Algum problema, senhorita Scott? — O homem bem vestido em minha frente agora pergunta, me fazendo levantar a cabeça e fitar seus olhos que estavam mais castanhos do que o normal e as sardas agora visíveis pela luz que entra da janela. Suspiro e faço que não com a cabeça. — Eu imaginei! Então, turma, continuem copiando e se tiverem dúvidas, podem me perguntar. — Ele revela e se afasta, ficando de costas e voltando a escrever no quadro.

Cruzo as pernas, sentindo o cansaço me abater novamente e uma vontade de levantar da cadeira pela bunda doendo com esse tempo todo sentada e a mão latejando, de tanto escrever freneticamente e sem pausas.

— Eu tenho uma dúvida! — Laura, uma garota de cabelos loiros e longos até a cintura fala. Tomando a atenção novamente do professor e agora da turma, que para o que estão fazendo para observar a cena que segue a frente. — Como fazemos para nós livrarmos do senhor? — A pergunta fez a sala toda rir baixinho e murmurar um "essa aí acabou de assinar o atestado de óbito dela mesma".

Laura Serafim não era uma das melhores alunas do colégio. Ela era filha de um renomado político das redondezas e costumava ter bastante crédito por aqui, pelo fato de seu pai sempre enviar doações gordas para o colégio e de bancar a maioria dos eventos que aconteciam na instituição, não seria surpresa se um dia a história de que ela só passa de ano com a ajuda da diretora, fosse revelada. Até porque, parecia que a mulher que governava isso tudo aqui, só ligava para duas coisas: a religião e o dinheiro.

Oliver acabou sorrindo, o que causou até mesmo espanto de alguns alunos. Ele largou o pincel em cima da mesa e se encostou na mesma, colocando as mãos no bolso da calça e relaxando a postura. Ele era um homem bonito, e eu me odiava por admitir isso.

Sua pele branca parecia que reluzia em contraste com as cores que sua roupa apresentava. E o sorriso brincalhão parecia nunca se apagar dos lábios rosados. As sardas davam um chame maior e combinavam com o cabelo preto e liso, onde um topete se formava no alto, me dando uma vontade absurda de passar as mãos e desfazer só para arrumar novamente, repetindo o processo.

Mordi os lábios. Definitivamente eu estava ficando louca e a culpa era dele por estar passando tanta tarefa e me tirando do meu verdadeiro foco!

— Senhorita, saiba que, vocês só irão se livrar de mim no dia que eu desejar! Mas, acho que todos aqui sabem que nenhum regulamento escolar permite que haja falta de entendimento por parte dos alunos nas matérias e nos assuntos que o professor passar. Mas isso, não será problema, visto que terão bastante conteúdos para lerem e estudarem. — Ele riu novamente e dessa vez foi com todos os dentes e eu pude perceber que seu sorriso era lindo e bastante alinhado, além de extremamente brancos, igual sua pele. — Contudo, vocês também sabem que não se deve ser permitido também o envolvimento de alunos com professores, mas sabemos que isso não acontecerá! Não me permito seduzir por pirralhos, tampouco cair em artimanhas que bem conheço, afinal, também tive a idade de vocês e também sei todos os truques que vocês podem imaginar quererem lançar contra minha pessoa! — Ele finaliza e volta a posição inicial, mas sem antes olhar bem para mim e arquear a sobrancelha, como se estivesse me desafiando mais que os outros.

Volto a escrever para tentar apagar a mensagem que grita na minha cabeça " VOCÊ ESTÁ MAIS DO QUE FERRADA, SOPHIA."

Suspiro e antes que eu continue passando da segunda linha, um pensamento totalmente novo e louco invade minha mente.

E se eu o seduzir? Tudo bem que, eu não era nem uma modelo e tão pouco parecida com as possíveis mulheres que ele pegava e saia por aí. Mas, e se eu tivesse uma chance?

Ele é homem e bem provável que não recuse algo se eu o instigar o suficiente para cair nessa. E se fosse em público e alguém pudesse pegar no flagra, nem que fosse só uma ação de carinho ou algo que desse a entender que ele estava querendo, poderiam achar que ele estava se envolvendo com uma aluna e quebrando o regulamento.

BINGO!

Olho em sua direção e o professor ainda se encontrava escrevendo no quadro e mantendo sua atenção lá. A sineta toca e eu desperto dos meus pensamentos, arrumando tudo em cima da minha mesa e indo em direção a porta, escutando meu nome sendo chamado mas não dando ouvidos, correndo agora em direção ao meu quarto, rezando para que Luiza não tenha ido embora para eu lhe contar o que irei fazer e pedir um conselho.

Chego ao dormitório e abro a porta rapidamente, mas acabo me repreendendo totalmente quando vejo minha colega de quarto nua em cima da minha cama, aos beijo com outra menina, enquanto ela a toca e a faz gemer ao meu mesmo tempo.

— Mas que porra? — Pergunto alto demais, fazendo as duas se assustarem e se afastarem rapidamente.

Luiza olha em minha direção e seus olhos começam a se encher de lágrimas.

Merda, o que foi que aconteceu aqui?

Merda, o que foi que aconteceu aqui?

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{RETA FINAL} Aluna Nota A Where stories live. Discover now