— Vamos procurar Isabela, quem sabe ela não conversa com seu marido para nos ajudar
— Eu conversei pessoalmente com Edgar, ele já nos ajudou muito e deu bastante crédito para nós, para fazer um empréstimo, teríamos que dar nossa casa como garantia, e não posso fazer isso, não estou tendo dinheiro para a mercadoria, que dirá para pagar prestações infindáveis de um empréstimo.
— Então, a situação tá mais séria do que eu pensava!
— Está sim, mas não vamos pensar nisso, me ajuda a fechar aqui, precisamos levar as encomendas do armazém e da sua mãe, para o Barão, ele nos deu preferência, e é um dos poucos que paga direitinho, não podemos deixar ele na mão. - Samuel ajuda seu pai a fechar a loja, eles vão pra casa almoçar.
Madalena terminava o almoço, arroz, feijão, bife e uma salada. Quando terminava de montar a mesa, Sérgio e Samuel chegaram.
— Chegamos bem na hora pai!! - Samuel esfregava as mãos, com um sorriso travesso no rosto.
— Chegaram sim, mas vão lavar o corpo, estão suados e não podem ir no palacete do barão, de qualquer jeito. - Madalena ordenou, e eles nem pestanejaram, foram tomar o banho deles, e colocaram roupas limpas que já estavam passadas.
Sentaram na mesa, cada um se serviu e começaram a almoçar.
— Eu lembro quando era todo mundo, as meninas me ajudando, e vosmecê fazendo graça com elas. - Madalena falou a seu marido, pela saudade que sentia das filhas.
— Também me lembro, sinto falta delas também, mas elas casaram com bons homens e tem que seguir com a vida, e a família delas.
— E fora que agora, a senhora tem seu filho inteirinho. - todos tiram, e o almoço seguiu harmonioso.
Ao terminarem, Madalena lavava a louça, enquanto Sérgio e Samuel, dava uma limpada na charrete para levar as encomendas do barão.
Colocaram as sacas de um lado, e os doces de dona Madalena, no banco junto com eles. Tudo pronto, Sérgio deu um beijo em sua esposa, e Samuel recebeu um beijo na testa de sua mãe, e eles foram. Alguns minutos depois chegaram ao palacete, Sérgio conversou com um dos mordomos, que disponibilizou alguns empregados, para ajudar a levar as encomendas.
Estava quase tudo guardado, Sérgio pediu para ir ao banheiro, enquanto Samuel bebia água na cozinha. De repente o barão aparece, e Samuel se recompõe.
— Boas tarde, barão. Meu pai só foi ao banheiro, ele já vem para acertar com o senhor.
— Não se preocupe, rapaz. Qual seu nome?
— É Samuel. Samuel Gonçalves, filho do seu Sérgio.
— Pensei que ele tivesse só meninas.
— Não! Eu sou o único menino. Mas eu fico mais no armazém, ajudando ele.
— Entendo. É muito bonito, e muito bem afeiçoado, deve haver muitas moças em seu interesse.
— Algumas. Mas eu não penso muito nisso. - Samuel começou a ficar incomodado, com aquela conversa.
— Pois deveria! Um rapaz forte, bonito, trabalhador, deve pensar em se casar, com uma esposa recatada, pensar em ter filhos. - Samuel não compartilhava desse pensamentos, principalmente porque nunca se interessou por nenhuma menina. Seu pai já o incentivou a ir em bordéis, para que se divertisse com alguma garota, mas ele não conseguia sentir atração por elas. Jamais contou a seu pai, para Sérgio, Samuel era um garanhão, mas a verdade é que ele era virgem, e nem sequer havia dado seu primeiro beijo.
Antes que Samuel desse uma resposta grosseira ao barão, Sérgio chegou na cozinha.
— Boas tardes, barão! Vejo que conheceu meu filho!
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CARTAS PARA MEU NOIVO ( Mpreg )
RomanceAno 1892. 4 anos após a abolição da escravidão, uma cidade bem do interior, começava a sofrer com as crises desse novo sistema. Sérgio era o dono do único armazém da cidade, ele tentava segurar as pontas junto com seu filho Samuel, mas a nova forma...