Capítulo 23: A eleita

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- Hermione, você está bem? - Sirius se virou para ela após constatar o quão trêmula Hermione estava, ao encarar seu rosto notou a palidez quase mórbida, seu lábio inferior tremia também, como se ela estivesse a beira de lágrimas. Na verdade, Hermione realmente estava. Ele tocou a lateral do rosto dela com uma das mãos, tentando fazê-la olhar para ele novamente.

- Não... Não era para ser eu. - ela encarou Sirius com o semblante assombrado - Sirius, não era para ser eu... E... e... e é. - ela encarou os cacos de cristal no chão pela décima vez naquele segundo, querendo ouvir novamente a profecia, ter certeza de que aquilo não foi uma alucinação, mas agora ela se foi, a névoa que ficava dentro da bola de cristal dissipada totalmente no ar.

- Aquele com o poder de vencer o lorde das trevas surgiu logo após o dia dos mortos. - falou James olhando fixamente para ela. Hermione havia se esquecido, por um momento, que ele também estava ali. - Quando você chegou a Inglaterra, Hermione?

A grifinória encarou fixamente James, estremecendo de repente ao constatar.

- 3 de novembro. - ela sussurrou, mal ouvindo sua própria voz.

Ela mudou o passado. E só agora realmente viu o quanto.

Sua vinda para ali a década de oitenta mudou tudo e o choque de finalmente perceber aquilo, fez suas pernas fraquejarem. Felizmente Sirius estava ao seu lado para ampara-la. Nada seria como antes então. Absolutamente nada.

Harry não iria mais precisar lutar contra Voldemort, porque Hermione assumiu seu lugar quando fez seu sacrifício e voltou no tempo. James e Lilian não seriam assassinados, Alice e Frank não seriam torturados até a loucura... Porque ela assumiu o lugar de Harry.

Aparentemente, a outra linha do tempo precisava acontecer para que Hermione voltasse no tempo, para que ela matasse Voldemort. E bem, se ela não conseguir, ninguém mais irá.

Ela era a eleita.

Por Deus.

De repente os últimos meses passaram como um flash pela mente de Hermione, as perseguições, os ataques, os cartazes de procurados estampados por toda a Travessa do Tranco. Hermione abriu a boca em horror e cedeu, indo em direção ao chão, não se sentindo capaz de sustentar o próprio peso, Sirius a segurou firmemente contra ele, impedindo sua queda.

- Ele sabe Sirius... Ele sabe que sou eu. - ela disse se lembrando exatamente das palavras de Greyback antes de ataca-la "Eu só sei que o lorde das trevas quer vê-la" - Ele ouviu a profecia antes de mim... Muito antes... - ela olhou alarmada para ele - Por isso eu sou a indesejável número 1, porque ele sabe que eu sou a única capaz de impedi-lo...

Passos apressados vinham pelo corredor, Moody e James apontaram suas varinhas em direção ao som, até que finalmente o corpo rechonchudo que Regulus ocupava apareceu, seu semblante apavorado ficou ainda mais quando a viu rodeada pelos três homens, pegando sua varinha verdadeira das vestes, ele a apontou para os dois em pé.

- Estupefaça! – gritou Regulus apontando para Moody.

- Clypeus. – disse Moody com facilidade bloqueando Regulus – Expeliarmus. – a varinha de Regulus voou para a mão do chefe dos autores - Não seja estúpido menino Black, você sabe que jamais ganharia essa batalha. - disse Moody abaixando sua própria varinha com desdém. James apontou sua varinha para Regulus e o desiludiu, fazendo que as roupas dele ficassem tão folgadas que quase caíssem quando ele retomou sua forma habitual.

Quando retornou a olhar Hermione, ele se deparou com o semblante assustado e perdido dela, o deixando ainda mais preocupado. Ela estava nos braços de Sirius, parecendo completamente alheia a toda a situação.

Regulus tentou. Ele jura por tudo o que mais importa que tentou. Mas seu estômago se revirou quando a encontrou nos braços do irmão. Quando a encontrou nos braços de Sirius chorando e tão assustada... ele sentia que era capaz de os matar se tivessem a machucado. Porque... porra... Porque ele se apaixonou por ela. Tão absolutamente igual ao que seu irmão imbecil fez. Porque fazer isso não era nada difícil quando se convivia com ela, Hermione era linda de todas as formas, engraçada, incrivelmente genial, amorosa, carinhosa e tão absurdamente corajosa e incrível... E claro, ela ter salvo a vida de Regulus incontáveis vezes, também pode ter ajudado o Black a ficar de quatro por ela.

Mas ele sabia que ela não o pertencia. Infelizmente ele tinha plena consciência disso. E desejou, naquele segundo, enquanto a olhava buscando apoio em Sirius, que ela estivesse em seus braços e não nos do irmão.

Mas a quem ele queria enganar? Nem a si próprio ele conseguiria. Ele a viu sofrer por Sirius ao longo daqueles meses, dia após dia, ouvindo seu irmão através daquele colar estúpido de ampulheta todas as manhãs e todas as noites, ele a viu sorrir ao ouvir a voz dele, chorar quando ele estava mal, se arriscar para vê-lo... Regulus sabia que ela finalmente aceitou seu amor por seu irmão. Seu irmão. E não ele. Nunca seria ele, porque ela jamais o veria como algo além de um amigo. Melhor amigo, ela ousou dizer à ele um dia. E por mais que ele quisesse não sentir isso por ela, sabia que seu coração eram algo incontrolável. E por enquanto, mesmo com a dor incomoda de vê-la novamente com ele, Regulus se contentaria com as migalhas que a Granger lhe pudesse dar, por que ele a querida, cada maldita célula de seu corpo tinha plena consciência disso. Merlim, estava cada vez mais deprimente. 

- O que vocês fizeram com ela? – ele perguntou indo em direção da castanha, praticamente empurrando o irmão de cima dela e a segurando, ele segurou o rosto dela e tentou chamar sua atenção – Ei, você está bem, Mione? – ele acalentou seu rosto em suas mãos, ela estava assustada, agora com as mãos sobre ela, ele via o quanto , ela estava trêmula, lembrando bastante um animal acuado.

- Reg... Eu sou a eleita. – ela murmurou pausadamente, encarando seus olhos – Sibila teve sua visão, Dumbledore foi quem viu... Mas não é mais Harry o escolhido, sou eu. Eu consegui, eu mudei tudo. – as lágrimas se acumularam nos olhos dela e começaram a cair, Regulus a puxou para seu peito a abraçando, ela soluçou e o peito de Regulus se partiu mais uma vez naquele dia.

Regulus já sabia disso e lhe doeu naquele momento que ele não tivesse contado isso à ela. Ele sabia disso desde o dia em que foram atacados, uma semana atrás, quando ele enfrentou aqueles dois caçadores imbecis. Eles lhe disseram quando Regulus os amaldiçoou, o lorde os queria, não porque ele era filho de Walburga ou porque Monstro havia aberto sua maldita boca. Eles o caçavam porque o lorde sabia quem Hermione era, não que ela havia vindo do futuro, mas que ela era a única que era uma ameaça para sua ascensão, a única bruxa com poder suficiente para derrota-lo. Regulus sabia, então, que a vinda de Hermione ao passado não mudou uma coisa ou outra no futuro, mas mudou tudo. Não haveria uma segunda guerra bruxa. Haveria apenas uma e é ela quem iria decidir os rumos que o futuro do mundo bruxo tomariam.

Regulus só esperava que Hermione conseguisse.

- Harry? – James deu um passo à frente, encarando Hermione como se houvesse nascido uma segunda cabeça em seu ombro. – Você diz Harry como Harry Potter? O nome que Lily e eu escolhemos para o nosso filho? – o olhar do Potter foi de Hermione para Sirius, de repente parecendo muito ameaçador, ele ergueu a varinha e apontou para ela – O que você quer com o meu filho?

Hermione se encolheu e fechou os olhos, Regulus a puxando mais para seus braços, Sirius deu um passo a frente e se colocou como intermediário.

- Vamos explicar tudo a você, Pontas, eu juro.

- Você também sabia? – James estava claramente chocado com os últimos acontecimentos, a mente girando e girando. – O que mais estava acontecendo sem que eu soubesse?

- Avisem Lily e Remus. – disse Hermione trêmula, através do apoio de Regulus, se pondo em pé para enfrentar Moody e James. – Vamos até a casa dos Potter, está na hora de todos vocês saberem quem eu sou e porque estou aqui.

James e Moody estavam a encarando com olhos surpresos e curiosos, ela podia ouvir a maquinaria girando na cabeça de cada um, como uma garota, até então vinda do M.A.C.U.S.A, estava relacionado ao filho de James e a queda do lorde das trevas.

Hermione também não sabia ao certo como conseguiria isso, mas ela deveria tentar. Porque agora, que Merlim a ajudasse, mas tudo dependia dela.

Essa era, Hermione percebeu, sua missão final. Matar lorde Voldemort.

Essa era a missão de Hermione Granger.

Uma missão de Hermione GrangerWhere stories live. Discover now