Capítulo 7 - Possessão, Acordos e o Psicopato

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— Vou ter que abraçar quem? - Perguntou Tobias perdido, o galo na parte de trás da sua cabeça pulsava como se cacarejasse ao meio dia. — Não gosto de abraçar.

É Abaçai, seu mané, é o senhor da Coragem e da Batalha que se apossa dos guerreiros de K'aa antes da guerra. - Corrigiu Ajubá, ele olhava para o garoto roliço sentindo tristeza pela ignorância do menino. — Quando se é tomado pelo espírito de fúria de Abaçai nada pode te ferir ou te parar.

— Ah, saquei. - Disse o menino se levantando e sentindo os peixes de Cica em sua barriga querendo voltar para os pés da Deusa. — É tipo o estado Beseker dos bárbaros?

O gato-quimérico bocejou entediado, ele não entendia as comparações de Tobias.

Atrás deles, Gregoriana possuída por Angra jogava fogo laranja e amarelo no Urubu-Rei, que estava com algumas penas queimada e crocitava de raiva quando uma labareda passava muito perto. A grama e as árvores envolta da menina possuída queimavam fazendo cinzas subirem ao céu como flocos de neve macabros.

— O que eu faço? - Perguntou Tobias tomado de coragem ao ver a amiga possuída, sentindo seu estômago e o resto do corpo doer.

— Super simples. - Ajubá-Aburé se espremeu para dentro da mochila do menino. — Bata os pés descalços no chão e grite como um predador.

— O quê? - Tobias estava desnorteado com o galo em sua cabeça brigando com os peixes em sua barriga.

Se você fizer isso, vai ser possuído temporariamente pela fúria, se tornado invulnerável tempo suficiente para tirar o tição da mão da Ferrugem. — Respondeu Ajubá lambendo uma das patas.

— Entendi, o tição é tipo uma lâmpada mágica, a prisão do gênio. - O menino puxou o ar com força e endireitou o corpo.

— Eu não entendo quase nada do que sai da tua boca idiota. - Bocejou Ajubá arrepiando levemente seus pelos. — Agora tire os sapatos e grite bolo de carne.

Tobias encarou a quimera afrontosa por um tempo e tirou os camurças se sentindo idiota. Os amarrou na alça da mochila e jogou as meias para dentro de propósito.

— Cara, essas meias estão molhadas e podres. - Reclamou Ajubá jogando-as para fora.

O garoto ignorou o bicho amarelo e fechou os olhos, ouvia gargalhadas no fundo da sua mente, mas afastou-as pensando na amiga.

Ao fundo Angra gritava através da ruiva sentindo euforia de estar livre.

— Eu passei eras aguentando seu fedor podre. - Jogou uma bola de fogo a esmo. — Agora eu vou melhorar seu fedor de podre para queimado.

Tobias deu a primeira batida no chão, fraca e desacreditada. Nada aconteceu.

— PARE DE LUTAR CONTRA MIM MENINA. - Urrou Angra. — VOLTE A DORMIR.

O menino olhou para a amiga em chamas e um desespero tomou conta do seu corpo. Ele começou a bater os pés com violência no chão, abrindo sulcos na terra. Em cada batida pedia forças e coragem para ajudar Gori e voltar para casa.

Impulsionado pelo ritmo das próprias batidas começou andar em círculos batendo os pés com força e socando o ar com rapidez. Um brilho vermelho surgiu nas solas do pé do menino, que ainda estava de olhos fechados. Sons de tambores e gritos de guerra surgiam em sua mente. Aura carmesim subia pelas pernas grossas, pela barriga saliente até que envolveu todo o corpo do menino como uma nova pele.

No meio da testa de Tobias um símbolo parecido com uma lança surgiu. Uma voz rouca berrou em sua mente. — PODES CONTER MEU PODER?

Em um movimento super-rápido, o garoto correu até Angra segurando suas mãos. A divindade o encarou surpreso.

OS GUARDIÕES DA MATA E O CAPUZ VERMELHOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora