Prólogo

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- Saia da minha casa agora! - meu tio me arrasta para fora e me empurra.

- Mas tio...

- Eu não te quero aqui sua aberração - fala um tanto tonto pela bebida - Sua negrinha nojenta. Eu sabia que deveria ter te deixado naquele orfanato ao invés de te criar.

Ele volta para dentro cambaleando. Limpo as lágrimas que escorrem pelos meus olhos e respiro fundo.

- Annie... - escuto a voz de Michel. Ergo o olhar e vejo ele na janela - Pega!

Meu priminho joga a minha mochila e eu a pego antes que caia no chão.

- Obrigada, Michel.

Ele sorriu tristemente e se afastou. Michel só tem oito anos e tem que aturar tudo isso sozinho. Solto um suspiro e passo as mãos nos cabelos com cuidado para não armar os cachos. Tudo que eu queria agora era a minha chupeta e meu cobertor.

Cruzo os braços e começo a andar pelas ruas vazias. Já está de noite e está quase tudo fechado, são poucas pessoas que andam pela cidade. Limpo as lágrimas que caem do meu rosto rapidamente. Eu só quero achar um lugar para dormir.

Abro minha bolsa, ela é tem a forma de um cilindro é lateral. Procuro por algum dinheiro e percebo que Michel deixou minhas economias (as quais eu escondi) dentro da bolsa.

Tudo que eu preciso é achar um local para dormir. Talvez um motel ou uma pensão. Escuto meu estômago roncar e respiro fundo procurando algum lugar aberto e comer alguma coisa.

Vejo uma lojinha mais a frente e olho para os dois lados da rua antes tentar atravessar. Porém me assusto com o barulho de uma buzina e volto para trás rapidamente assustada.

Sinto minhas mãos trêmulas e meu rosto molhar com lágrimas.

Eu estou tão assustada que mal consigo falar ou raciocinar alguma coisa.

- Mas que merda! - escuto um xingamento - Oh garota, você está bem?

Dou dois passos para trás com medo. O homem é incrivelmente alto e forte, ele da medo. Muito medo.

Eu só queria minha chupeta.

Só queria estar em casa.

- Desculpa eu não vi que o sinal estava fechado - fala rapidamente e eu olho em volta querendo correr. Sinto sua mão segurar a minha e encaro o chão - Está machucada? Se estiver eu posso te leve no hospital e...

Nego com a cabeça rapidamente.

Eu não tenho plano de saúde, não tenho condições de pagar um médico.

- Aí... - sussurro sentindo meu tornozelo doer.

Acho que o torci na hora do susto e não senti.

- O que foi?

- Meu tornozelo - sussurro e ele se abaixa a minha frente.

- Aqui? - pergunta tocando meu tornozelo direito. Balanço a cabeça em afirmação - Vem, vou te levar em um hospital.

- Não! - exclamo - Eu não tenho plano de saúde e...

Ele não me deixa falar e simplesmente me pega no colo. Não vou negar que é uma sensação boa estar em seu colo. Sou deixada no banco de trás, o loiro passou o cinto de segurança pelo meu corpo e voltou a dirigir.

- Qual o seu nome? - pergunta.

- Annie.

- Prazer Annie - sorriu de lado enquanto dirigia - Pode me chamar de Dawson.

Meu Girassol - ARMAND'S (Em Breve)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora