Capítulo 8

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Enquanto os primeiros raios da manhã surgiam timidamente após o primeiro dia de festa, muitas pessoas estavam perdidas pelas ruas, embriagadas ou dormindo nos campos e prostíbulos. O cheiro de pães novos, bolos e tortas de frutas perfumava o ar, convidando quem estivesse disposto para outro dia de desfile.

Neste dia, guerreiros do reino desfilaram novamente com suas armaduras de placas, elmos de bronze, cotas de malha e botas de couro fervido. Arqueiros lideravam a marcha. A cavalaria, com seus garanhões de guerra, mostravam ao povo o tamanho do exército para transmitir confiança.

Logo atrás marchavam os jovens guerreiros. Eram centenas: alguns no início da formação, outros no último ano nas arenas. Armado com escudo e espada, Rogardes marchava entre eles. No encerramento do desfile estava Samira com os conjuradores do reino, cerca de 25 jovens no máximo, visto que o número de conjuradores diminuía a cada ano.

Com o passar do dia, a notícia sobre o Escolhido do mago se espalhou nas ruas, gerando a maior confusão. Curiosas, as pessoas especulavam o que ocorreria no conselho durante toda aquela tarde.

Tolien estava tão ansioso que nem se importou com o desfile, seu acontecimento preferido através dos verões. Estava sentado às margens do lago Roma quando o desfile se encerrou. Samira e Rogardes foram encontrar o amigo, que expeliu as palavras de uma vez.

— Está falando sério?! Esse foi o motivo pelo qual o mago ficou estranho e te levou?!

— Eu não entendi muito bem. — Explicou-se. Seus olhos encararam o próprio reflexo nas águas claras e percebeu o sorriso bobo. — Ele disse que sou o Escolhido e vai me treinar.

— O antigo povo dragão nomeou Tarcus, de Deinakhir. — Disse Samira.

Tolien não conhecia a língua morta do povo dos dragões, sumida desde o início da quarta Era. Sabia que se referiam também a Drixius como Deinakhir, o Escolhido. Mesmo após a morte da língua, os nomes permaneceram a todos que brandiram a espada.

— Eu sei! Aduzam irá acelerar os treinos, Kerza será meu mestre de armas. — Sorriu o jovem.

— Eu fico muito feliz, meu primo! — Apoiou Rogardes. — Só quero te dizer que a vida de treinos para se tornar um guerreiro não é brincadeira. É uma vida cheia de responsabilidade e complicada, não como nos seus sonhos de lendas. Não acontece tudo da forma que desejamos, a realidade é um pouco diferente.

— Eu sei, já li sobre o assunto. É isso que eu sempre quis, ser um guerreiro.

— O que seus pais disseram sobre isso? — Perguntou Samira.

— Minha mãe achou estranho no início, mas acabou me apoiando. Meu pai ficou bravo e permanece nervoso. Aduzam visitou minha casa hoje, pela manhã. Todos pararam para ver o que o mago fazia em casa. Ele adorou o bolo de cenoura e a torta de frango de minha mãe.

— Rogardes tem razão, amigo. Os treinos são cruéis, muitos desistem. Sem contar que terá longos e exaustivos dias de "inferno", treinando debaixo de sol e chuva.

Tolien franziu a testa. Sabia da fama dos treinos.

— São treinos físicos de resistência. — Acrescentou Rogardes. — Fazem chorar de agonia, meu primo! Não são como nossas brincadeiras com espada de madeira.

— Estou pronto para isso. Sempre foi meu desejo. Agora, sei que posso abandonar a ideia da escola de bardos.

— Terá nosso apoio. — Incentivou Samira. — Quando iniciará os treinos?

— Aduzam resolverá hoje, no conselho.

— Se nos encontrar nas arenas, não espere por misericórdia!

— Tudo bem, não esperarei!

Sorriram. Tolien sentia-se animado com a oportunidade. Talvez, quando sentisse a verdade sobre seu destino se arrependeria pela animação prematura. 

Império dos GuerreirosTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang