Capítulo 6

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Capítulo seis

Os dias de festividades começaram com estouro de centenas de fogos de artifícios, músicos tocando tamborim, flautas e gaitas que desfilavam pelas ruas em túnicas multicoloridas. Os estandartes esverdeados de Menestron, bordados com o corvo de Heitor, tremulavam sobre os muros ao vento, ao lado dos estandartes dourados do norte, nos quais havia dois machados se cruzando e uma nuvem de corvos ao fundo, cobrindo a paisagem. Como os do oeste, os guerreiros do norte eram fiéis a Heitor.

Ao centro do reino, nas arenas, ocorriam várias disputas entre guerreiros. Torneios de bravura, demonstração de habilidades com armas. Batalhas como aquelas se travavam todos os dias. Muitas vezes, as lutas tinham como objetivos somente o esporte e o alcance da fama. Naquele momento, a luta era embalada pelo som da multidão vibrante. Logo mais, restaria apenas um.

Aduzam caminhou em meio à multidão, seu rosto coberto pelo velho capuz azul da túnica de viagem. O lindo céu, claro e sem nuvens, acompanhado pelo sol quente, denunciava o agradável verão. Seus olhos estavam atentos a todos os detalhes. Sem saber como encontraria o Escolhido, recorreu à fé nos deuses, para que o guiassem da melhor forma diante de seu propósito.

Em cada avenida havia uma torre de vigia com sentinelas atentos. Olhou para os muros. Enxergou uma águia, que o acompanhava com olhos fixos. Lembrou-se de que lendas muito antigas contavam que Astron assumia a forma de uma bela águia ou de um sinistro lobo quando queria viajar livremente nas terras do reino. Ou seja, se estivesse transformado em águia, poderia orientar. O velho andarilho arriscou-se a pedir sua ajuda.

— Revele-me o Escolhido, grande águia! Sugeriu.

Mais adiante, Tolien assistia à chegada dos guerreiros do norte. Lendas dizem que Heitor os forjou para ser sua tropa de elite. Há muito tempo tinham aliança eterna com Menestron. Seu rei, Odir Bardel, cavalgava à frente. Usava um meio elmo, em formato de urso, com dois dentes de marfim que saíam das extremidades e um manto dourado sobre a pesada armadura de bronze e ônix. Além de proteger o robusto peitoral, usava braceletes de esmeraldas e botas de couro de urso. Em suas terras, esse animal representava o 'rei das criaturas e protetor das florestas'. Todos os homens se utilizavam do couro de urso, sem contar que eram altos e robustos, de ombros extensos e poderosos.

As mulheres cavalgavam junto aos homens. De cabelos dourados, negros ou avermelhados, eram belas e magníficas. Receberam a denominação de "escudos de carvalho" por serem firmes e corajosas, protetoras dos que amavam. Mais fortes do que as próprias amazonas.

O garoto se animava cada vez mais. Admirado, avistou Odir com a longa barba dourada solta ao vento e seu filho logo atrás, Eikki Bardel, de cabelos e barba também dourados, porém mais escuros e estavam trançados. Sem armadura, usava uma calça leve, surrada e, uma cinta de couro que prendia o machado de duas pontas. À sua esquerda, em montaria escura, o lendário Kerza. Muitos não o reconheceram, mas o menino, sim. Ele o havia encontrado há alguns anos, passando por aquelas terras. Seu primo inclusive o mostrou certa vez, também passando por ali. Era parecido com as figuras de seus livros de guerreiros: pele morena, roupas cinzentas, capa de viajante desbotada e chapéu marrom, de palha, esconderijo para seus longos cabelos negros.

Aduzam também assistia ao desfile e sorriu ao ver Kerza.

O jovem sonhador encontrou seu primo que, naquele momento, trajava uma armadura vermelho sangue, com ombreiras, capa azul e um elmo prateado. Samira o acompanhava. Tolien notou o quanto sua amiga estava bela sob o manto branco cobrindo a túnica esverdeada e os cabelos vermelhos soltos dançando ao vento. Na testa, usava uma tiara verde oliva, como a maioria dos conjuradores que caminhavam pelas ruas do reino aquele dia.

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