❛CHOICES ── Crepúsculo ❥ [Seth C.]

1921, Ashland

"Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então."

— Alice no País das maravilhas, Lewis Carroll
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MIA CULLEN

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Uma luz em meio a tanta escuridão finalmente alcançou a superfície do meu subconsciente. Tenho sentido uma pontada de felicidade que não sinto há anos, ou talvez nunca tenha sequer experimentado. Depois de tanto tempo eu me sinto viva, sinto algo além do veneno borbulhar por minhas veias. E tudo isso é o efeito colateral de se ter uma família. Seria possível para alguém como eu sentir algo assim? Eu já não era um caso perdido, afinal?

Quando Edward entrou para o clã, em 1918, eu tinha o conhecimento de que dali para frente as coisas ficariam um pouco agitadas. Só não imaginava que isso pudesse me fazer tão bem.

Ele chegou um tanto retraído, se sentia triste e desolado. O que é totalmente compreensível para alguém que acabou de perder tudo o que um dia já conquistou, ou o que pretendia conquistar. Suas convicções, seus sonhos, projetos e tudo o que conhecia foram por água abaixo. E eu o entendia mais do que qualquer outra pessoa no mundo. Talvez por isso nós nos demos tão bem.

Dois solitários que passaram a enxergar a vida por outra perspectiva à força. Duas pessoas que não tiveram escolha e que provavelmente preferiam a morte. Trágico, eu diria.

Durante um tempo Edward pensou em se tornar um rebelde e ir contra os princípios de Carlisle, assim como um dia eu havia feito. Por um milagre dos céus eu consegui aconselhar aquele turrão desmiolado a não o fazer. Conhecendo o futuro, eu sabia que ele se culparia eternamente por isso. Bella ainda vai me agradecer um dia.

Eu queria me convencer de que tinha feito isso pelo futuro dos dois pombinhos. Mas o fato é que eu não queria que Edward alimentasse o mesmo monstro que existe dentro de mim, ele não precisava de mais essa dor. De alguma forma nós trocamos nossos papéis. Minha experiência cruel talvez tenha sido um aprendizado para ele no final das contas.

Agora – três anos depois – nós éramos os irmãos Cullen. Filhos gêmeos de Carlisle, que perdeu a esposa durante o parto. Mesmo não sendo irmãos de verdade, nós éramos realmente parecidos de alguma forma. Principalmente aos olhos nublados da população fofoqueira de Ashland. Era surpreendente como os humanos podiam acreditar em qualquer besteira vinda dos lábios de um vampiro. Criaturas miseráveis, com certeza.