1896, Aspen - Parte I

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"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade

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"Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade."
— Edgar Allan Poe
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O homem – que antes estava completamente perplexo pelo que sua visão acabou de contemplar –, deixou as flores que colhia caírem no chão enquanto caminhava na direção da garota. Ele poderia jurar tê-la visto cair do céu, o que foi ainda mais convincente por portar uma extraordinária visão.

Enquanto se aproximava, pode notar que ela usava vestes um tanto quanto controvérsias para uma dama. Trajava uma calça preta extremamente colada com rasgos nos joelhos, algo que nem mesmo um homem naquele tempo usaria; além de uma pesada jaqueta que parecia ter sido feita de couro, por cima de uma blusa de alças decotada, e botas que não se pareciam em nada com as que costumava usar para cavalgar. Nenhuma mulher daquela época – por mais vulgar ou revolucionária que fosse – jamais usaria algo assim. Nunca, algo desse tipo fora visto pelos olhos dourados do loiro. Era quase como se a jovem fosse uma criatura completamente diferente, ou apenas uma maluca que resolveu inventar uma nova moda. Tirando o fato de ter visto a garota cair do céu, ele preferiu pensar que a segunda opção era a correta e a mais convincente para si mesmo.

Depois de se recuperar do transe e parar de especular quem seria a jovem de cabelos cor de mel, o homem notou que ela não acordava. Então, agachou perto do corpo inerte e verificou sua pulsação que, surpreendentemente, estava diminuindo. Por impulso, pegou a garota no colo e a levou para dentro de casa, onde a colocou na cama de um dos quartos de hóspedes. Como um bom médico, ele tentaria reverter o que quer que estivesse acontecendo com o corpo dela. Porém, antes que pudesse correr para o escritório em busca de sua maleta e pudesse fazer exames, percebeu características um tanto familiares se fazerem presentes em seu corpo. Colado a cama, ainda estático no mesmo local, observou a menina mais atentamente para ter certeza de seu diagnóstico. Ele conhecia, sabia o que era, viu como acontecia várias vezes. Não havia como negar ou criar outras hipóteses para o que estava acontecendo. Ela não estava morrendo, mas sim, se transformando.

Ainda perplexo pelo que presenciou, ele concluiu que seria obrigado a esperar pacientemente o despertar, quando o veneno cumpriria seu objetivo, para que pudesse, enfim, fazer seu interrogatório. E foi o que fez pelas três horas seguintes, parado exatamente no mesmo lugar, até que ela finalmente abriu os olhos carmesim incrivelmente brilhantes, indicando o final da transformação.

Quando Mia abriu os olhos, se sentiu completamente atordoada. Olhou para as pernas esticadas na cama macia e notou uma inesperada diferença em seu corpo, agora mais pálido, frio e rígido como mármore. A claridade que provinha dos raios de sol chegou até si, o que a fez levantar as mãos na altura dos olhos para desviar da luz em um ato quase automático, no entanto, desnecessário. No primeiro momento, achou que era coisa da sua cabeça, até ficar quase cinco minutos encarando as mãos que brilhavam como um diamante.

❛CHOICES ── Crepúsculo ❥ [Seth C.]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant