Capitulo 22

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Depois de alguns minutos dando socos nas portas fechadas do elevador e gritando coisas como “eu tenho que sair daqui agora” e “se você não me tirar daqui vai se ver comigo depois”, ele se senta do meu lado, no chão. Nossos braços estão quase se tocando e tento não me afastar bruscamente dele, mas meu corpo parece querer fugir daqui como se ele tivesse com lepra.

A forma como ele age me deixa mais do que irritada. Me deixa incrivelmente magoada. Tão magoada que posso sentir meus olhos arderem e uma luta constante em manter a compostura e a mente vazia, pois sei que se pensar sobre o que está acontecendo as lágrimas vão sair descontroladamente.

Ainda bem que venho praticando meu autocontrole emocional nas últimas três semanas. A cada vez que vejo a Cecilia e o Brian, a cada vez que ele me olha e parece que não vê nada. Venho treinando meu controle emocional abafando qualquer tentativa de analisar ou refletir sobre o que eu sinto. Apenas sufoco tudo. É melhor assim. Melhor do que deixar que ele tenha qualquer domínio sobre mim, sobre minhas reações, pensamentos e sentimentos.

A cada vez que o Brian aparece na minha mente, tento fazer de tudo para que ele saia no mesmo instante. Como uma fumaça negra. Às vezes a fumaça se dissipa. Às vezes ela me embebeda.

- Como você pode ficar tão calma assim? – Ele me olha e eu continuo olhando para meus pés. Posso sentir o lado direito do meu rosto queimar, como se seu olhar fosse um laser. E me controlo ao máximo para não deixar meus olhos desviarem até os cantos.

- Porque, para mim, não é tão insuportável ficar aqui. – Engulo a saliva com dificuldade, é como se ele tivesse vendo cada reação minha, como se pudesse ver quantos batimentos meu coração dava por minuto. Tento controlar minha respiração e minhas emoções para não ter uma batalha interna entre ficar com desejo de beijá-lo e com tanta raiva que seria capaz de espanca-lo. Por mais que eu saiba que não faria tanto estrago assim. – E ficar nervosa não vai fazer com que isso concerte mais rápido.

Ele tamborila os dedos no chão e o barulho me incomoda. Ver ele ao meu lado me incomoda. É como se qualquer coisa que ele fizesse me tirasse do sério e, novamente, percebo que estou sucumbindo a esse sentimento que nem sei qual é. Ele consegue me deixar completamente maluca, consegue provocar em mim uma batalha mental, emocional e todos os “al” que existe dentro de mim. Suspiro frustrada. E logo percebo que foi um erro, já que ele volta novamente sua atenção para mim.

- Você está bem? – Ele me olha meticulosamente, dá para perceber pela forma como seus olhos estão semicerrados e próximos de mim, tão próximos que é impossível não notar, mesmo que eu esteja olhando para frente feito um estatua. Sua proximidade me faz perder um pouco a fala e o controle da respiração.

- Eu estava, até decidi entrar aqui mesmo com você dentro. – Por mais que minha mente dissesse: diga apenas um sim, diga apenas um sim, diga apenas um sim. Minha boca não obedeceu. É estranho perceber em como nem eu mesmo consigo me controlar. É como se dentro de mim abitasse várias personalidades, enquanto uma quer ser fria, a outra que explodir de raiva.

- Qual seu problema? – Ele se afasta e não me impeço de soltar um suspiro de alivio.

- Estar no mesmo elevador que você? – Sorrio ironicamente e arrisco um olhar rápido.

- Você bateu a porta na minha cara mais cedo!

- Você tem agido como se eu nem existisse. E acabou de me tratar como uma leprosa, como se fosse morrer se respirasse o mesmo ar que eu por apenas alguns minutos.

- Você está insinuando que tenho medo de você? – Ele pergunta e percebo que está com um sorriso irônico, pronto para uma gargalhada.

- Estou dizendo que você parece estar com nojo de mim.

Just a Year - (COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora