Capitulo 7

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Paro de correr para tentar recuperar o ar. Sinto todos os pedaços do meu corpo arderem como se tivessem brasas, nem todo o ar do mundo parece suficiente nesse momento e sinto minha boca seca demais. Talvez eu tenha corrido mais do que o saudável. E ainda tem a volta.

Com muito esforço eu me arrasto até um banquinho de um parquinho infantil e me jogo lá. Enquanto tomo água como um camelo, sinto meu celular vibrar interrompendo o refrão animado de alguma música da Katy Perry. 

- Alô? – Atendo sem nem mesmo olhar quem é

- Como assim alô? – É a Babi.

- Ah, é que eu atendi sem nem ver quem era.

- Tá tudo bem? Parece que você está morrendo.

- E estou. – Digo enquanto tento achar um jeito de contar pra ela sobre meu novo habito de ser saudável. – Estava correndo, acho que exagerei um pouco.

Enquanto sinto minha respiração se recuperando e meu coração voltando a bater normalmente, escuto uma risada estridente do outro lado da linha. Por isso que eu sabia que não devia contar a ela sobre minhas corridas diárias.

- Como assim correndo? – Ela fala enquanto se recupera da sua crise de risos. – Você não aguentava nem andar por cinco minutos sem reclamar!

- Bom, as coisas mudaram.

Sinto que com essa frase o clima pesou. Ótimo! Uma das coisas que eu prometi para ela era que eu ia continuar a mesma pessoa e que nada mudaria a não ser meu CEP. Mas isso também não quer dizer que eu tenha mudado, apenas acrescentei um novo hábito.

- Então, o que está acontecendo por aí? – Tento melhorar o clima e parece que funciona, já que percebo que ela está sorrindo do outro lado.

- Bom, eu e o Heitor ainda estamos saindo. – Ela diz enquanto tenta demonstrar que isso não é nada demais.

- Sério? Há quanto tempo que vocês estão saindo mesmo?

- Há umas duas semanas.

Depois disso embarcamos em uma conversa longa e demorada sobre as teorias de relacionamento da Babi e em como ela estava caidinha por esse tal de Heitor, apesar dela negar de pés junto que não era verdade.

Decidi voltar pra casa andando mesmo que isso demorasse o dobro do tempo e que fizesse com que meu pai acionasse os bombeiros quando ele chegasse em casa as sete e eu ainda não tivesse voltado.

Entendo sua preocupação, afinal o Rio de Janeiro não é conhecido por ser a cidade mais segura do país, mas, como sempre, ele exagerava e esse seu excesso de preocupação acabava me sufocando.

- E o Guilherme? – Babi pergunta apenas pra me provocar por eu ter pegado em seu pé com a história do Heitor. Ela sabia muito bem que fazia semanas que não trocávamos sequer uma mensagem.

- O que tem ele?

- Não se faça de desentendida dona Rebeca! Ainda não entendo por que você não foi falar com ele no shopping naquele dia.

- Porque eu não tinha o que falar, porque eu não saberia como agir, porque eu não saberia como explicar a Vanessa que eu o conhecia – Digo me sentindo cansada do assunto. Nas últimas semanas o que eu mais tenho feito é evitar o Guilherme, e ele parece também já ter desencanado. Melhor assim, penso.

- Ele não te disse que ia vim no carnaval?

- Barbara não faz sentido você pegar no meu pé por causa desse garoto! Foi só um maldito beijo.

- Para você nunca é somente um beijo, Becky.

E ela tem razão. Eu sou muito fácil de me apegar e talvez esse seja o meu maior defeito. Não é como se eu pegasse no pé de cada cara que passa por mim, mas não tenho muitas defesas também.

- Dessa vez foi! – Digo já perdendo a paciência. Novamente o clima fica tenso, mas para minha sorte tinha acabado de chegar no prédio. – Babi, cheguei em casa, mais tarde nos falamos. Beijos!

Antes que ela diga qualquer coisa, desligo o telefone que instantaneamente volta a tocar Katy Perry. A música entra pelos meus ouvidos, mas, diferentes de todas as vezes que escuto pop, não consigo me deixar levar pela energia da música. Já faz um tempo que as coisas com a Babi andam tensas, é como se todo o assunto entre nós fosse motivo para uma discussão.

Assim que entro no elevador dou de cara com o badboy do prédio. Incrivel como todo lugar tem um badboy, me sinto como em um desses livros americanos.  Segundo a Vanessa, seus pais são médicos importantes e muito inteligentes.  São inteligentes e muito educados, não sei o que esse menino tem. Foram as exatas palavras dela. Segunda ela também eu irei estudar na mesma escola dele, talvez até na mesma turma.

Sinto seus olhos grudados em mim e nesse instante sinto vontade de me encolher. Estou com um top roxo e short preto curto, graças a Vanessa, que disse que era a roupa mais confortável. Seu olhar em mim parece um laser e juro que posso sentir minha pele queimar. É como se seu olhar me deixasse exposta e minha vontade é de perguntar se ele perdeu algo nas minhas costas ou seja lá que parte de mim ele esteja olhando. Oh céus! Não!

Antes que eu possa dizer qualquer coisa escuto um barulho do elevador que indica que cheguei no meu andar. Solto um suspiro de alivio ao mesmo tempo em que sinto minha raiva sumindo, bem aos poucos.

Não é das situações mais confortáveis quando tem uma pessoa olhando pra você enquanto você está completamente suada, com o cabelo todo grudado no rosto e uma roupa minúscula. Juro que se pudesse correr de moletom, correria. 

***

PLÁGIO É CRIME!

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Just a Year - (COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora