Capitulo 14

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Nunca coloquei uma gota de álcool em minha boca, portanto não faço a menor ideia de como é estar bêbada e de resseca. Mas, pelas descrições que já ouvi falar, é a mesma sensação que eu sinto agora. Ontem, depois que o Brian me beijou (quer dizer, depois que eu o agarrei), não conseguia tirar o sorriso do rosto. Me sentia como a Branca de Neve, cantando com os passarinhos. Hoje, ao acordar e recordar, minha vontade é de prender o travesseiro no rosto até não me lembrar de mais nada. É como se aquela não fosse eu, como se eu estivesse sob o efeito de qualquer substancia que tivesse me tirado toda a razão e capacidade pensar, falar ou agir.

Enquanto eu me punia (mentalmente) pela besteira que fiz ontem e por ter agido como uma idiota apaixonada, escutei meu celular vibrar embaixo do travesseiro. Sem nem ao menos olhar para saber de quem era a ligação, atendi.

- Uau! Essa realmente foi uma surpresa, achei que você nunca mais fosse me atender, ou responder alguma mensagem minha. – Juro que posso sentir meu coração indo até a garganta ao ouvir a voz do Guilherme.

Faz um bom tempo que não respondo a ele, fui parando o contato aos poucos, antes passava dois dias sem responder, depois cinco dias, depois uma, duas, três semanas. E aos poucos fui percebendo que ele também estava desistindo de contato. Também né, quem gosta de ser ignorado? Não fazia por mal, mas sabia que esse era o melhor para mim. Meu ano já estava complicado o suficiente, e ele mexia demais comigo, ele mexe demais comigo, para que eu possa deixar ele entra em minha vida, ser amiga dele a acabar alimentando sentimentos que não deveriam existir.

E sim, eu penso cada coisa que pode acontecer, cada ideia, cada hipótese. E tento evitar tudo da melhor forma possível. Minha mãe costuma dizer que sou uma controladora nata, mas é que eu acho nossa vida extremamente imprevisível, e tento apenas ter um pouco do controle que posso.

- Guilherme? – Pergunto mesmo sabendo a resposta.

- Você apagou meu número?

- Não! Claro que não! É só que atendi sem ver quem era. – Falo enquanto me sento na cama. Deve ser seis horas da manhã. O que eu estou fazendo acordada as seis da manhã?!

- Ah, entendi. Bom, você sumiu! Cortou os contatos e tentei me afastar também. Só que, eu meio que não consigo tirar da cabeça que fiz ou disse algo errado, algo que fez você querer se distanciar.

Suspiro. Odeio conflitos, explicações, conversas para resolver as coisas.

- Não, você não fez nada de errado. É só que... – Mais um suspiro- é meio complicado.

- Talvez fique menos complicado se você falar...

- Tem muita coisa acontecendo. Essa mudança, que foi uma mudança drástica de planos. E tudo tá meio complicado, estou tentando estabelecer uma boa relação com meu pai sem que a gente se mate antes... – Dou uma risada sem humor, ainda tentando achar palavras certas para falar que não quero me envolver sem deixar muito na cara que ele mexe comigo. – Eu estou tentando não... ahn... não me apegar muito com as pessoas. Principalmente com quem mora aí, em São Paulo. Me faz ficar com mais saudades e com vontade de voltar.

Minto. Descaradamente. Pode ser que faça sentido e tenha um fundo de verdade, porque realmente falar com as pessoas que moram longe me fazem sentir um aperto no peito e vontade de voltar. Mas não é por isso que não quero contato com ele.

- Essa foi uma das piores desculpas que já ouvi! Mas eu entendo caso você não queira muito contato. E entendo também que esse seja um momento complicado de adaptação. Já passei por isso e vou te dar um espaço. Também queria te falar que, como já havia dito, no Carnaval eu estou voltando pro Rio. E gostaria muito de te ver. Devo passar uns cinco ou quatro dias.

Just a Year - (COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora