Capitulo 40

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No dia seguinte acordo como se nada tivesse acontecido. Pelo menos por fora, porque por dentro parece que houve uma enorme guerra. Me arrumo de forma moderada, colocando maquiagem o bastante para esconder olheiras, cansaço e dar um realce, mas sem mostrar muito que quis me produzir. Até porque minha vontade era nem levantar da cama hoje.

Resolvo sair um pouco mais tarde para quando chegar, já esteja bem na hora de entrar na sala e eu não tenha que falar com ninguém. É obvio que o caminho inteiro eu fico pensando em como seria ótimo descer em um ponto qualquer e me esconder em algum lugar. Mas vou ter que enfrentar tudo isso uma hora ou outra. E é melhor que seja logo agora, enquanto não há barrigas a mostra e eu posso ir aprendendo a conviver com a ideia.

Assim que passo pelos portões, o sinal toca e todo mundo começa a correr para as salas. Obvio que ninguém realmente corre, na verdade, todo mundo anda lentamente, e eu, ainda mais. Como sei que a Penélope vai me perguntar o que está acontecendo, já me antecipei e escrevi logo uma carta contando os detalhes de ontem, para que ela possa ler durante a aula.

Assim que entro na sala quase todo mundo já está sentado, e isso inclui Cecilia e o Brian, assim como a Penny também. Os olhos do Brian estão pregados em mim, mas não faço menor contato visual com ele nem com a Cecilia, que alterna os olhares entre mim e ele. Tento não demonstrar o meu desconforto com toda a situação e me sento. Antes que o professor entre, coloco a carta explicando a situação na mesa da Penny, em cima do seu caderno. Ela me olha curiosa e faço menção com a cabeça para que ela abra e leia.

- AI MEU DEUS! - Ela grita alguns segundos após seus olhos rolarem pela carta. Todo mundo para e nos olha. As conversas cessam. Me viro e vejo a Cecilia me fuzilar com o olhar, como se ela soubesse que eu tinha contado de sua gravidez. Finjo indiferença e olho de forma reprovadora para a Penélope, que dá de ombros.

Para nossa sorte, o professor entra logo em seguida. Sinto dois par de olhos perfurarem minhas costas, tento respirar normalmente e prestar atenção na aula, mas minha cabeça viaja. E quando o sinal toca, meu caderno tem diversos desenhos aleatórios e eu já estou completamente exausta. Sem menor cabeça para conseguir estudar, por isso pego minha bolsa e saio, alegando estar com dor no estomago, por causa de uma gastrite que acabei de inventar.

Não faço a menor ideia de para onde ir, e, apesar de não querer ir para casa, é pra lá que vou. Para minha sorte, não tem ninguém. A Vanessa antecipou todos seus trabalhos para aproveitar que ainda não tem nenhuma barriga aparecendo. Mas eu aposto que mesmo gravida ela ainda vai conseguir várias campanhas, já que ela vai ser uma mãe linda. Assim como a Cecilia.

Solto um suspiro pesado e entro no meu quarto, jogando a bolsa no chão e atirando os sapatos no canto. Pego meu notebook e entro no facebook. Não sei qual é o milagre, mas a Babi está online. Assim que eu vou lhe chamar, ela me liga no skype.

- Matando aula, Becky? No meu tempo você não fazia essas coisas. - Ela diz e eu reviro os olhos.

- Está falando como se nós estivéssemos estudado juntas há milhares de anos atrás. - Sorrio e a Babi abre seu enorme sorriso, que é capaz de derreter o mais congelado coração. - E é claro que não matava aula com você, você quase não ia para escola já, e se faltássemos um dia juntas você ia querer que eu faltasse todos os outros dias.

Ela solta uma pequena gargalhada e também rio. É incrível sua capacidade de me alegrar com coisas tão pequenas, até mesmo lembranças que me trazem dor.

- Enfim, depois desse monte de mentiras... - Ela dá uma piscada de olho e balanço a cabeça, como se tivesse reprovando seu comportamento. - O que houve para estar em casa cedo? E porque está com esse olhar distante? Não pense que me engana.

Just a Year - (COMPLETA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora