Capítulo 1 - Arraial D'Ajuda

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            Olivia olhou para as pessoas ao redor da mesa, que esperavam sua decisão. Queria deliberar por mais alguns minutos sobre a compra que estavam prestes a fazer, mas não dispunha de tempo para isso, visto que as ações tinham alcançado menor valor desde que tinha aberto capital na bolsa de valores. Sua experiencia de vinte anos no mercado financeiro lhe dizia que ainda conseguiriam um valor menor, mas era um risco. E, naquele momento, naquela sala, ninguém mais queria correr riscos.

- Vamos comprar – determinou, por fim, fazendo a tensão que pairava no ar sumir instantaneamente. – Quero que marque uma reunião com eles na próxima semana – finalizou se virando para Thaíssa, sua secretária.

A executiva pegou o celular, deixado à deriva em cima da mesa, e saiu da sala, dando por encerrada a reunião. No caminho para a ala da diretoria, encontrou Nilmar, vice-presidente da companhia.

- Não consegui chegar a tempo, me desculpe.

- Não tem problema. Como está sua neta?

- Agora está bem. Fora de risco. Foi transferida para o berçário, junto com as outras crianças.

- Que ótima notícia!

- Sim. E como foi a reunião?

- Compramos. O preço estava muito bom, as ações estão no chão. Com menos de cinco milhões conseguimos reerguer a Kilinos. Já veja com o jurídico e o financeiro para darmos início o quanto antes.

- Maravilha! Darei entrada hoje mesmo.

- Qualquer coisa estou na minha sala.

Olivia se afastou, retomando o caminho para o sexto andar, onde ficava a diretoria da Dabresh, companhia especializada em compra de empresas quebradas. Reposicionavam as marcas no mercado e, quando já estavam valendo o triplo, vendiam. Era um lucrativo mercado e Olivia possuía um faro apurado para perceber onde teriam maiores lucros. Poucas vezes seus instintos tinham lhe enganado e, daquela vez, não seria diferente.

Em sua sala, Olivia dirigiu-se ao banheiro. Parou na frente do espelho do toucador e mirou os olhos verdes, ali refletido. Estava com leves olheiras que nem mesmo a maquiagem estava conseguindo esconder. Ajeitou a camisa dentro da calça e desfez o rabo de cavalo que já estava quase solto para prender firme, novamente. De volta à sala, se acomodou em sua cadeira, dispensando total atenção para o trabalho. Uma hora depois, o celular tocou e identificou uma chamada de Joyce, sua esposa.

- Oi, meu amor.

- Esqueceu de me ligar, não é?

- Desculpe. Depois do almoço entrei em uma reunião e acabei por esquecer.

- Minha atenciosa esposa! – debochou Joyce, em tom brincalhão. – Eu mandei no seu e-mail o roteiro da viagem. Dá uma olhada e me diga o que acha. Marquei do dia vinte e cinco até o dia oito. O hotel é maravilhoso! Acho que vai curtir.

- Minha linda, me desculpe, mas não posso viajar por agora. Acabei de fechar a compra de outra empresa e preciso estar aqui para tratar da transferência.

- É sério, Olivia?! Estamos falando dessa viagem há mais de dois meses! No final do ano não podia ir por causa do trabalho e agora de novo?!

- Desculpe, linda, mas não posso mesmo sair. Vá com sua mãe, uma amiga. Não se prenda por mim.

- Eu quero ir com você, Olivia! Poxa, estamos casadas há quatro anos e viajamos apenas duas vezes de férias, o restante é sempre a trabalho.

Paraíso TropicalWhere stories live. Discover now