O MAFAGALFO E SEUS MAFAGALFINHOS

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Desde os tempos do Banco Minas National, Murilo Mosquedo já arquitetava seu projeto de vida e nunca deu prioridade ao seu estado natal, mas, sim, ao mais rico.

Trouxe com ele um outro mineirinho, de pequena envergadura física e moral, Jofre, ambos eram da mesma semeadura. A este último, Gabriel fazia questão de se referir como alguém que em pretérita encarnação teria conspirado para entregar na bandeja a cabeça de São João Batista.

Onde o primeiro passava, seguia grudado no rabo do outro. Seu nome: Jofre Álvaro Ferreira.

Houve funcionários, poucos, que foram arrastados para o Ministério do Trabalho, apesar de serem funcionários concursados do Banco.

De forma costumeira, adotavam uma postura de idolatria ao local que, via concurso, haviam conquistado seu espaço e singularmente faziam referência à instituição como Mãenesvem, dedicando -lhe um respeito filial, não obstante a existência das ovelhas negras.

Um dos concursados aprovados em 1947, foi seu pai, Baptista de Paula Costa. Quando Costa se apresentou ao departamento pessoal, conheceu e ficou amigo de Nazaré Franco. Amizade esta mantida ao longo de suas carreiras. Nazaré, contudo, acompanhou Murilo Mosquedo e ocuparia o cargo de Secretário Geral do Ministério do Trabalho.

Baptista, que anteriormente havia se sentido encurralado por pressões poderosas, numa dessas viradas da vida, estava em função máxima, a de chefe de departamento, cargo exclusivo para os concursados com premissa de terem cumprido um tempo mínimo de casa de vinte a vinte cinco anos (presidência e diretorias eram nomeados).

Diante das safadezas que assolavam o Banco, comandadas por diretores locados por conveniência política ou outros interesses escusos, sem qualquer vínculo passado com a Instituição, com desejos voltados apenas às benesses, resolveu deixar o barco.

Aposentou-se sem cumprir o tempo integral de serviço, recebendo valores proporcionais ao período trabalhado. Ao sair, providenciou a impressão de quatro mil panfletos com a máxima de Rui Barbosa:

"De tanto ver triunfar as nulidades tenho vergonha de dizer que sou honesto."

Estes foram distribuídos na Praça Antônio Prado, entrada principal daquele imenso arranha-céu, ícone do Estado, tendo alguns panfletos pousado nas mesas da presidência e demais diretorias.

A atitude repercutiu e causou alvoroço em meio aos colegas concursados. Um ambiente de desconfiança junto ao alto escalão tomou dimensões de uma fratura exposta.

Os comentários se espalhavam pelos corredores da imensa e simbólica torre; a imagem dos mandatários de plantão ficou irremediavelmente arranhada. Concursados diziam:

-A casa está a Deus dará.

Uma das consequências desse desabafo de Baptista,  através dos panfletos, foi que, no futuro, muitas fagulhas atingiriam o sobrenome Paula Costa.

O esquema era sempre o mesmo, Mosquedo presidente, Jofre diretor; Mosquedo assumia outro órgão, Jofre ocupava a presidência que ficara vaga e assim sucessivamente até o falecimento
do crápula principal, na sua chácara em Atibaia, a mesma cujo administrador maculara a folha de pagamento da Ridan como se funcionario desta fosse.

Nesse esquema, a roda girava no âmbito estadual, como no federal. A esse tempo, já existiam fortes indícios para onde Jofre iria e, pior, bola na caçapa...

Cont....

ASSIM CAMINHA A HUMANI....OPS.   CADÊ A ESTRADA?Where stories live. Discover now