UM POUCO DO AMIGO

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O engenheiro Paulo Pauloto se tornou um grande amigo, apesar de terem personalidades bastante diferentes. Tinha uma forte veia para o comércio e, além disso, muito carismático, simpático, coisas necessárias para um bom vendedor.

Filho de um padeiro e de uma bancária, a quem havia puxado, dizia que, se escutasse o pai, seria um excelente padeiro, mas optou pela engenharia por influência da mãe.

Funcionaria de uma agência e muito querida, tanto pelos colegas, como pela clientela, era atenciosa e não fechava portas. 

Paulo, além de ter a quem puxar, recebera treinamento em vendas e isso era tão forte nele que, mesmo exercendo engenharia, mantinha sempre ao alcance de suas mãos um monstruário de jóias, daqueles de tecido que ao ser desenrolado, viva, eis a coleção!

Não media adequadamente a quem ou quando devia desenrolar sua trouxinha de brilhos, sendo muitas vezes inconveniente, mas não perdia a oportunidade e tinha facilidade em convencer um interessado, apenas no blá.

Num sepultamento, teria a ousadia de  oferecer a um ente próximo do morto e diante do mesmo um brinquinho, alegando "uma simples lembrancinha do momento".

Juntos, na Fundação Ridan, fizeram  o curso de engenharia de segurança, uma especialização.
Gabriel ganhou o curso, pedindo ao Dr. Naad e lhe foi concedido.

Houve portanto um longo e amistoso, contato com Pauloto em virtude do curso como também das viagens.

Gabriel sempre se considerou um inapto para o comércio, mas talvez contaminado pelo amigo, e talvez também pela necessidade financeira teve de aplicar algumas "espertezas" ou, a bem da verdade talvez tinha em si algum cromossomo escondido, que jurava desconhecer ou, se soubesse, jamais relataria à sua mãe.... rsrsr.

O relacionamento entre ambos permitiu que algumas oportunidades pudessem ser aproveitadas e aplicadas na Ridan.

Numa delas, Gabriel propôs ao superintende que o amigo fizesse um laudo de avaliação de suma importância, que foi aprovado, executado e pago.

Tanto Gabriel como Paulo tinham competência para fazê-los, pois já desenvolviam esse tipo de trabalho nas varas judiciais como também nos Bancos.

Conhecendo os interesses e necessidades da Ridan, o próprio Gabriel executou o laudo e Paulo o assinou. Dividiram os honorários meio a meio. 

A outra oportunidade nasceu da premencia de se contratar empresas para executarem serviços de cópias heliográficas para engenharia, cuja demanda era gigantesca. Gabriel pensou:

"Por que não montar uma empresa em nome do amigo?"

O mesmo topou na hora, mas não deslanchava na busca de local e da máquina para que pudessem atuar. Quem encontrou uma heliocopiadora reformada em bom estado e com garantia foi o proprio Gabriel, no município vizinho, Osarasco.

Um dia levou seu amigo para ver a copiadora e concordaram que seria um ótimo negócio.

As atividades na Ridan não permitiam que Gabriel desse qualquer atenção a negócios externos, por isso deixou todas as providências na mão do amigo.

Entretanto a coisa não desenrolou e, no final, foi tudo água abaixo. Perdeu-se a oportunidade, que acabou sendo esquecida.

A esse tempo, Paulo começou a ficar mais tempo em São José, pois sua obrigação na capital encerrara.
Numa viagem motivada para apressar a venda da sua casa em São José do Rio Bravo, Costa foi ao escritório do amigo e lhe informaram que ele estava na firma copiadora dele.

Isso era desconhecido, mas, foi até lá e ao entrar, viu a máquina que encontrara em Osarasco trabalhando a pleno vapor.

Voltou atrás, assimilou a pancada, quase indo a nocaute.

Mais tarde, com o sangue mais frio e, lembrando que poderia necessitar de favores do cunhado do "amigo" que  trabalhava na prefeitura, deu uma de "bobo ou lobo"e prosseguiu com o contato como se nada tivesse visto.

Além disso, fez a estupidez de pedir para o sujeito fiscalizar a execução da sua calçada.

Foi a gota d' água que fez encerrar a possibilidade de Gabriel ter tido um bom aprendizado e se tornar um Senador ou Deputado, mesmo estando a serviço de um órgão federal.

                                                                      Cont.....

ASSIM CAMINHA A HUMANI....OPS.   CADÊ A ESTRADA?Where stories live. Discover now