O CONCRETO AMIGO

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Particularidades de um canteiro de obras que podem levar ao desespero, como por exemplo, aquele pilar que se mexia como que se tivesse vida própria.

Na verdade, eram dois pilares idênticos como se fossem duas cadeira com os pés virados para cima, e, separados por um vazio entre ambos de uns dois centímetros, que permitia que um deles de aproximasse do outro, num mesma linha reta, tipo vem cá meu bem.

Apenas que teimosamente o livre ao invés de ir em direção ao seu companheiro, se inclinava compose fosse cair para frente como se dissesse, comigo não hein.....

Nesse caso, houve a necessidade da intervenção de engenheiros, seguidores de Freud ou de Jung, e, depois de longas sessões terapêuticas, concluíram que um tipo de bloqueio resolveria o problema, aliando-se a isso doses de Sertralina.

Outro caso diz respeito á conclusão que meia dúzia de engenheiros, inclusive Gabriel, que apostavam no erro quanto a escolha de um tipo de fundação denominada como broca, um furo feito no terreno com trado, que depois recebe uma armação e concreto.

Veio da capital o expert que calculou tudo e que chegando, simplesmente pegou o solo do terreno, esfregou entre suas palmas, cheirou, lambeu e disse:

-Pode manter esse mesmo tipo de fundação:

- Com certeza tal, que parecia uma pajé possuído.

Todos os demais, surtaram e retrucaram:

-Vai dar merda....

Chegou o sábio da piteira e propôs bem suavemente:
-Magnânimo estou aqui para prever e prover, e todos nós outros imbecis, propomos que se faça um teste de carga apoiando-se sobre a fundação em execução, que descarreguemos sobre ela o peso de caminhão carregado de brita para evitarmos transtornos maiores junto à Sesco.
Magnânimo respondeu:

- Como querem gastar dinheiro que não é o meu façam o que quiserem. Feito o teste ao longo de dias passamos  a louvar o Magnânimo, o sujeito era foda, acertara.

Um último caso, Gabriel ao concretar um baldrame de uma obra, novamente insistiu em fugir da mesmice e  recomendou que colocassem aditivo no concreto para que o mesmo tivesse sua cura mais rápida..... ocorreu o oposto pois o peão apesar de orientado mil vezes, errou na doze, e engenheiro não é babá para ficar preso tipo estátua ao lado de uma betoneira.

Normalmente em dezoito dias o concreto está duro e no caso presente isso não acorria. Apelei para um livro, Concreto Armado eu te amo, que para alívio orientava que o excesso colocado invertia o processo.

Enfim mais quinze dias tudo resolvido.

Entretanto,  Gabriel gostava de novidades e idealismo, como o de vencer vãos imensos apenas com dois apoios.

Ao fazer o refeitório da Gincal quis ter um vão livre, espaçamento entre pilares, de uns quatorze metros. Isso ia a favor da conceituação de beleza na arquitetura. Passou dias fazendo o cálculos, mas não sentia confiança, afinal não era sua especialização.

Pediu para um amigo, engenheiro calculista para que fizesse o serviço, mas sem cobrança, pois para quem entendia era coisa elementar um que não lhe tomaria mais do que dez minutos. O "amigo" se negou e Gabriel não tinha condições de arcar com o valor como também repassa-ló ao proprietário. Impossível.

Mas, antes de fechar a compra das lajes, vinculou a efetivação do negócio à execução do cálculo estrutural pelo engenheiro calculista que era dono da empresa fornecedora.

Resolvido e, passados trinta anos da construção, mesmo após a gráfica falir, a laje estava intacta, para orgulho dele.

                                                                 Cont.....

ASSIM CAMINHA A HUMANI....OPS.   CADÊ A ESTRADA?Where stories live. Discover now