Capítulo 3

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Os meninos continuaram rindo e eu comecei a ficar irritada.

- Super legais, vocês! - Fiz um joinha.

- Ai, de-desculpa... Ari-riel... É que... - Mike tentava falar enquanto ria.

- Mike, o cara que quer me dar uma lição de vida, mas que fica rindo de mim quando eu soco alguém.

- Ariel, a garota que tem cabelos rosa, mas soca alguém quando fica irritada. - Lhe mostrei o dedo do meio. - Uh, é marrentinha.

- Ah, vai se foder, Mike!

- Menininha, que coisa feia! Não te ensinaram que é feio falar palavrão?

- Ensinaram. E também me ensinaram isto! - Dei um tapa na sua testa.

- Ah, agora você vai ver.

Comecei a correr, com Mike atrás de mim. Ó meu Deus, eu não fui feita para correr. Mas parece que Mike sim, pois logo me alcançou. Ele me pegou no colo e me colocou em seus ombros. Um pequeno e insignificante detalhe: eu estava de saia!

- Me solta! Me solta! Ahhhhhhh, gente!!!

Imaginem a cena: a menina de saia, o menino girando ela no ar e os migues rindo até cairem no chão.

Comecei a estapear Mike, mas quanto mais eu batia, mais ele ria. Quando o sinal bateu e os alunos começaram a sair das salas, Mike me soltou no chão.

- Idiota! Retardado! Vagabundo! - eu gritava, enquanto andava (meio marchando meio estilo bêbado) até a minha bolsa. A peguei e recomecei a xingar. - Bagaço! Noiado! Burro!

- Gostoso - Lucy sussurrou.

- Gostoso. Perai, o que? - Olhei furiosa para Lucy, que me mandou um beijo.

- Acabou? - Mike perguntou, sorrindo. Fiquei meio perdida no sorriso dele, aquele sorriso branco, dentes perfei... Espera! Eu estou brava com ele!

Bufei, recomeçando a andar.

- Acabei.

- Está mais calma?

- Não.

- Awn, você está marrentinha hoje? - ele perguntou, me abraçando de lado. Nesse momento, éramos os únicos no corredor, já que todos os alunos (inclusive Lucy, Chad e a manada de boys) já tinham ido para suas respectivas salas.

- Cala a boca, cara. Aliás, você tá indo pra onde?

- Aula de física.

- Pois é, eu também. Por que você me disse para me afastar do Zack, se você é amigo dele?

- Não sou amigo dele, nós... ahm... só jogamos basquete no mesmo time. E o time sempre anda junto, então, tenho que aturá-lo. Não posso sair dando socos como você. - Ele tocou o dedo em meu nariz.

- Por que não? É tão fácil. - Ele riu.

- Sou bolsista, garotinha. Não posso me dar ao luxo de fazer essas coisas. - Ele tocou meu nariz novamente.

- Para com isso, Mike.

Quando cheguei ao meu armário - que descobri ser perto do de Mike -, peguei meu material e fui para a aula de física... Junto com Mike, claro.

Legal que não era uma aula de física, eram duas. Ninguém merece ter que aturar uma professora de bigode e velha falando, falando, falando. Se o que Mike disse for verdade, como é que o Zack pode transar com isso?

Durante as duas aulas, eu e Mike ficamos brincando de guerrinha de borracha, guerrinha de papel, guerrinha de bolas de papel, aquela lutinha com os dedos... E a vaca da professora nem percebeu!! Nem quando eu errei o alvo (Mike) e a bolinha de papel foi parar na mesa dela! A véia é míope, só pode ser. Como eu percebi que ela era míope, resolvi arriscar e abri um bolinho no meio da aula. Qual, é? Eu estou com fome! Ofereci à Mike, que não quis. Isso é bom, porque sobra mais pra mim.

Depois dessas duas aulas, houve mais uma de história. Descobri que Zack e Josh - um menino da manada de boys - também estavam nessa aula, então, sentei perto deles. Péssima ideia.

- Como você e Mike viraram tão amigos? - Zack perguntou.

- Não sei. - Eu estava tentando desenhar um unicórnio.

- Onde se conheceram? - Zack.

- Refeitório.

- Vocês já se beijaram? - Zack.

- Não. - Eu nem estava prestando atenção direito nas perguntas, respondia da maneira mais rápida o possível, para poder me concentrar em meu unicórnio.

- Nem um beijinho? - Zack.

- Gostei do desenho. - Esse não foi o Zack, foi o Josh.

- Não. E obrigada.

- Vocês já...

- Nem ouse perguntar uma coisa dessas! Não sou puta, você sabe. E deixa eu terminar meu desenho, por favor?

- Não vai prestar atenção na aula?

- Tenho cara de quem presta atenção em aula de história?

- Não, mas tem cara de quem já beijou o Mike.

- Meu Deus, quantas vezes eu vou ter que dizer que EU NÃO FIZ ISSO?!? - Vixi, acho que falei alto demais.

A mulher de uns quarenta anos, magrela e amarela como a Power Ranger Amarela, parou de escrever na lousa e se virou pra mim. Que olheiras, hein, tia? Mulher muito saudável. Tem uma cara de cachorro. OH MEU DEUS, ELA PARECE O JAKE DE HORA DE AVENTURA!!! Tenho que tirar uma foto com ela depois!

- Vejo que minha explicação está atrapalhando sua conversa, senhorita. Não gostaria de ir conversar lá fora com o diretor?

- Não, obrigada. Aliás, a senhora explica muito bem, não está atrapalhando nada não. Se bem que... Se a senhora falar um pouquinho mais baixo...

- SAIA - falou, abrindo a porta delicadamente... Só que não, né? Parecia que ela queria tirar a porta da parede.

- Aí, ó. Essa sua negatividade... Não faz bem para a sala. A senhora tem que se controlar, senhora Steinn - falei, pegando meus materias e indo pra fora da sala.

Seu rosto estava vermelho de raiva e seus olhos também. Aí, tá drogada. Antes de sair, fiz um sinal da cruz com os dedos na cara dela, o que a irritou mais ainda.

- Direto pra sala do diretor.

E lá vamos nós de novo. Me surpreendi quando cheguei lá e expliquei o ocorrido para o diretor mexicano, porque ele riu. Pessoas muito felizes as desse internato.

A Menina dos Olhos BicoloresWhere stories live. Discover now