Capítulo 15

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Sarah se sentia radiante nos últimos dias e tudo ao seu redor lhe parecia um sonho, mas havia algo que ainda estava lhe incomodando e esse algo era o comportamento da irmã. A verdade era que Anne parecia esconder algo e a intuição da neta mais velha do Barão, era que independente do que a irmã guardava em seu próprio coração não era nada bom. 

A jovem morena tentou fazer com que a irmã desabafasse com ela, mas todas as suas tentativas foram infrutíferas. E Sarah se questionava dia a pós dia se a acalmaria que vivia estava com dias contados, de toda forma ela permanecia em espírito de oração intercedendo pela vida da caçula. 

Nos lugares aonde os homens não podem chegar Deus é especialista em ir, e o coração é o mais importante desses locais. Naquela tarde Sarah se sentou no parapeito da janela de seu quarto, de onde era possível ver as enormes torres do Castelo, enquanto imaginava o que seu noivo estava fazendo. 

Noivo, a palavra ainda causava um arrepio na garota e seu coração acelerava sem qualquer motivo aparente. Em alguns momentos se sentia uma boba ao constatar o quão apaixonada estava, mas ao mesmo tempo se maravilhava com as sensações que aquele novo sentimento sempre lhe causava, como desejava apenas vê-lo ou como se preocupava com ele nas questões mais ínfimas. 

Deus era bom! 

A jovem voltou seu olhar para o céu e agradeceu a Deus por sua bondade e amor, bem como pela misericórdia que todas as manhãs se renovava. Encarar o céu claro fez com que ela sentisse um impulso dominante de conhecer mais ao seu criador, aquele que era o próprio amor e que ensinava a ela a amar. Ao mesmo tempo foi tomada por uma simples e real constatação de que nada e ninguém poderia amar ela tanto quanto o Senhor e que nada no mundo poderia preenchê-la da maneira que seu Senhor fazia, o amor humano comparado ao que tinha recebido de Deus era pálido, fraco e insuficiente, uma mera miragem. 

Quando perdeu seus pais pensou que não poderia prosseguir que não havia mais sentido em sua própria vida, mas Ele estava lá. Quando foi recepcionada da pior maneira pela Baronesa, Ele estava lá, nos piores e nos melhores momentos Ele continuava ao lado dela e no futuro continuaria no mesmo lugar, guardando e a protegendo a amando como ninguém mais poderia fazer. 

August poderia falhar com ela, como o fez ao esconder toda a verdade, mas o Senhor esse nunca falhava aos céus, ainda que uma mãe possa se esquecer de um filho Deus não se esquece dos seus. 

— Lady Sarah — a voz do mordomo soou abafada pela porta assustando a jovem fazendo com que ela se desequilibrasse levemente — a Baronesa pediu para lhe avisar que o almoço será servido em alguns minutos. 

— Estou descendo Sr. Daniel — respondeu ofegante, tentando acalmar seu coração do susto ao mesmo tempo que olhava para a enorme distância entre o chão e a janela, teria sido um tombo bem feio. 

Afastando os pensamentos do que poderia ter acontecido saiu do quarto a passos rápidos, dando uma última olhada em sua imagem refletida no corredor dos espelhos, usava um vestido verde que valorizava seus olhos castanhos e seu cabelo estava presos em fitas novas, algo que a jovem nunca tinha tido antes. 

Um pouco mais confiante e ajeitando sua postura para evitar as críticas da avó adentrou a sala de jantar com um leve sorriso, ao se sentar ao lado da irmã notou usando sua visão periférica que a avó a avaliava com um sorriso um tanto quanto assustador, de aprovação. 

Anne parecia tão animada quanto a avó, mas permaneceu calada quando a irmã questionou o que estava acontecendo. Por sua vez,  o Barão parecia alheio ao que acontecia a sua volta, um comportamento comum, a única coisa comum naquela noite. 

Durante o almoço os empregados serviam a comida em completo silêncio e os avós de Sarah conversavam acerca dos assuntos cotidianos, nada que prendesse a atenção das netas. 

A Boa SamaritanaWhere stories live. Discover now