Capítulo 1

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Sarah manteve a coluna ereta e os olhos baixos encarando as próprias mãos, um ato muito comum nos últimos anos, desde que viera da Califórnia para viver com os avós no interior da Inglaterra.

- Compreende o que digo Sarah? - questionou a velha senhora, com o rosto expressivo em desapontamento.

- Me perdoe - disse a jovem, mordendo os lábios em um hábito nervoso -, eu nunca deveria ter expresso minha opinião ao Visconde de Althorp.

- Eu simplesmente não consigo olhar para você - apontou a avó -, nas próximas visitas não a quero por perto. Escute o que digo não deixarei que acabe com as chances de sua irmã de realizar um bom casamento.

Sarah não pode deixar de sentir a pequena pontada de tristeza em seu coração ao constatar mais uma vez que sua avó não se importava com ela.

- Posso me retirar? - perguntou Sarah encarando os olhos frios da avó pela primeira vez desde que o sermão tinha começado.

- Por favor - implorou a senhora -, e não precisa descer para o jantar ou acabarei perdendo todo o apetite.

Sarah assentiu e mais rápido que podia subiu as escadas da mansão em direção ao seu único lugar de paz, seu quarto. Naqueles momentos quando o desgosto da avó se tornava ainda mais evidente sentia ainda mais falta dos pais, da ensolarada Califórnia, da vida livre que um dia tinha experimentado.

- Foi muito ruim?- perguntou a irmã caçula de Sarah, estava deitada na cama de Sarah com um expressão preocupada, mas a jovem mais velha não tinha condições de responder.

Em um movimento rápido se colocou de joelhos aos pés de sua cama e fechou os olhos em uma oração silenciosa, sabendo que havia apenas uma pessoa capaz de arrancar todos os tormentos de seu coração.

Senhor sei que me escutas, mamãe sempre dizia de como es um Deus que cuida, então eu rogo para que transforme minha vida, arranque toda tristeza do meu coração e dê me paciência e amor para lidar com a minha avó e que a minha família goste de mim.

Sarah sentiu os braços leves de sua irmã em volta de seu corpo, em um abraço carinhoso, e se sentido um pouco mais calma abriu os olhos.

- Está tudo bem - assegurou Sarah retornando o abraço da caçula - , sabe como a vovó é, tudo o que ela mais deseja é o melhor para ti e eu acabei atrapalhando os planos dela, mesmo que não fosse essa a minha intenção. Sinto muito por estragar suas chances com o Visconde.

Anne olhou para a irmã, seus olhos verdes ainda exibiam uma certa preocupação.

Se alguém observasse aquela cena nunca diria que ambas as jovens eram irmãs, afinal as duas eram completamente diferentes. De fato, Anne era uma perfeita senhorita, seus olhos verdes e seus cabelos loiros era o orgulho de sua avó, sua expressão angelical conquistava a todos que a conheciam, seu comportamento era sempre exemplar e parecia sempre saber o que dizer, era linda em todos os aspectos.

Sarah era o seu completo oposto, seus cabelos volumosos sempre estava fora do lugar e seus pretos pareciam inteligentes demais para o gosto de sua avó, mas o pior para a Baronesa era que a neta mais velha era a cópia da mãe e não havia ninguém no mundo que a velha senhora odiasse mais do que a mulher que lhe roubará o adorado filho.

O pai de Anne e Sarah era um herdeiro inglês que ousadamente havia se casado por amor com a filha de um professor universitário americano, um escândalo que abalou a toda a Inglaterra.

- Não se preocupe - tranquilizou Anne -, eu não queria me casar com o Visconde, ele era tão entediante que pensei que dormiria no meio do café. Além disso eu sou jovem de mais para me casar e quero ser como os nossos pais, casar por amor.

A Boa SamaritanaWhere stories live. Discover now