Naquela manhã Sarah se sentia absolutamente horrível, não havia uma única parte do seu corpo que não estivesse dolorida e sua cabeça estava estranhamente pesada e não tinha ajudado muito o fato de sua avó ter invadido seu quarto antes mesmo que o sol desse bom dia, a lista de reclamações tinha sido interminável.
— Sarah eu estava te procurando — gritou Anne entrando animadamente no quarto, sua voz estridente fez com que Sarah levasse as mãos a cabeça e suspirar pesadamente. — Você está horrível.
— Obrigada? — disse a morena um pouco confusa.
— Não quis dizer isso. — A jovem loira se desculpou entrando debaixo das cobertas com a irmã e dando a ela um sorriso caloroso.
—Como posso te ajudar? — Sarah até tentou sorrir, mas tinha certeza que sua expressão estava mais para uma careta.
— Irei a igreja com você — anunciou a irmã caçula de Sarah com um sorriso satisfeito.
A tentativa de sorriso de Sarah morreu e ela encarou a irmã tentando compreender o que se passava na cabeça da jovem.
— Desde quando passou a frequentar a igreja da cidade?
A família toda de Sarah se dizia bons cristão, seus avós faziam valorosas contribuições para igreja anglicana e iam aos cultos todos os domingo na igreja construída a poucos quilômetros da enorme mansão e Anne os acompanhava sem reclamações, enquanto Sarah sempre estava doente de mais para ir ou com tarefas para realizar, desculpas inventadas pela baronesa.
Ansiando por comunhão a morena passou a participar dos cultos na igreja da cidade, com o decorrer do tempo fez bons amigos, sendo o principal o Reverendo Francis. Aquele era o seu lugar, onde podia fugir das constantes críticas da avó e se sentia amada e cuidada, por isso a pequena rebeldia de sua irmã em acompanhá-la parecia pesar em seu coração, de uma forma egoísta Sarah não desejava dividir aquilo com a caçula.
Ademais, não queria ter que explicar para a irmã quem era Eduard.
Algumas semanas tinham transcorrido desde que o loiro tinha começado a ajudar o Reverendo na igreja e quase todos os dias Sarah aparecia na cidade para que os dois pudessem conversar, aqueles breves momentos tinham dado a vida da morena um novo brilho e até os sermões de sua avó estavam mais suportáveis.
— É um desculpa, — sussurrou baixinho Anne para que apenas a irmã a escutasse. — quero ir visitar minha amiga Rose.
— Sabe bens o que eu penso sobre mentiras — alertou Sarah se levantando da cama, enquanto Anne não se mostrou abalada com a censura da irmã e simplesmente revirou os olhos.
— Eu também irei a igreja.— disse Anne com um sorriso sapeca, que normalmente a livrava de qualquer problema. — É que a vovó acha que Rose é uma péssima companhia.
— Rose? É a filha do Visconde de Phillips? Eu pensei que a avó a aprovasse — disse Sarah sem esconder sua própria curiosidade e confusão.
— Ela se casou com um carpinteiro — explicou Anne —, o pai dela gastou muito dinheiro para que isso não se tornasse um assunto público. Ah mais é tão romântico que ela tenha se casado por amor e realmente gosto de conversar com ela e o filho dela nasceu há poucos meses e eu ainda não o conheço.
Sarah encarou a irmã apertando seus próprios lábios, mas não conseguia negar nada a caçula.
— Se a avó descobrir — resmungou — ,a culpa será toda sua. Agora deixe-me arrumar e me encontre no hall em vinte minutos, não se atrase.
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A Boa Samaritana
Historical FictionSarah Parker é quase uma solteirona nos círculos sociais da Inglaterra, com um dote ralo e sem grandes atrativos ela vive sob a guarda de seus avós, aguentando as constantes humilhações de sua avó, a Baronesa de Meyer. Mesmo diante dos desafios ela...