09 - Sábado 9 de fevereiro

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8:34 - Meu quarto no Loft.

Estava em um sono tranquilo e agradável. Não sei ao certo sobre o que era.

Sabe aquelas horas em que você está quase acordando, mas não quer acordar? Aquelas em que você pode ouvir tudo que está rolando a sua volta, no entanto ainda está de olhos fechados na cama quentinha e macia rodeada por travesseiros.

Sábado! Finalmente sábado e eu podia dormir à vontade. É, só que não!

Um barulho indefinido, algo misturado com a voz da Rosa num espanhol ultra rápido, e uma outra voz mais grave. Essa, em particular era diferente foi capaz de me levar do sonho quase acordando para um outro sonho. Um sonho com o Aaron.

Estávamos no jardim do terraço do Nate dançando algo que parecia uma valsa. Eu trajava um vestido de princesa que jamais usaria aquilo na vida real (quero dizer, acordada), e ele por sua vez com um terno preto de arrancar suspiros, por dentro uma blusa preta e uma gravata da mesma cor.

Dançávamos como se estivéssemos num campeonato de dança de salão, ele me rodopiava e por incrível que pareça meus pés me obedeciam.

Eu sabia dançar e aquilo não foi só uma surpresa mas foi revigorante. Era como voar, era ser livre. Pela primeira vez na minha vida eu me senti preenchida. Leve como a música que tocava.

E quando ela acabou Aaron me encarou no sonho sorrindo para mim de um jeitinho tão inocente que nem parecia aquele folgado de sempre.

Suas mãos tocaram no meu rosto e ele foi se aproximando devagar até que eu senti o toque sutil dos seus lábios quentes nos meus.

Eu passei a mão pela cintura dele e correspondi ao beijo que tento queria. Nossos lábios brincaram por um tempo, sem língua só se mordiscando no meio de alguns sorrisos bobos.

Fui beijada de uma forma tão pura e tranquila, como se tivéssemos todo o tempo do mundo.

O cheiro dele era capaz de me arrepiar, e o calor dos lábios tocando nos meus acendia uma chama desconhecida dentro de mim. Como se estivesse morta todos esses dias da minha vida, e só agora alguém teria sido capaz de ligar o botão que me fez acordar para a vida.

No meio do sonho a terra tremeu. Paramos o nosso beijo assustados. Segurei-me em seus braços enquanto sentia o chão balançar. Se eu ia morrer pelo menos que fosse aproveitando os bíceps que ele tinha.

Contudo, o mais estranho foi o Aaron virar pra mim e falar "Lenna acorda!"

Achei que estivesse doida, mas o rosto dele começou a se desfazer em um borrão. Aquilo me apavorou ainda mais. Dei um pinote pra trás sem entender.

Quando olhei para baixo não via o chão. Estava tudo preto e escuro a minha volta.

"Lenna, acorda" era de novo a voz do Aaron vinda de algum lugar.

No meio de todo aquele breu vi um filete de luz branca, abri meus olhos devagar. Mais uma vez a voz junto com uma mão que sacudia o meu ombro. "Lenna, acorda!"

Quando dei por mim, Aaron estava deitado na minha cama ao meu lado, com seus pés cruzados e ainda por cima de sapato.

EM CIMA DO MEU EDREDOM!

Dei um empurrão brusco com os pés em sua perna. Sendo bem violenta e impaciente.

Ele gritou um "Ow ... Ow ... Sossega dorminhoca". Na mesma hora mandei ele tirar aquele sapato sujo de cima da minha cama.

Aff folgado!

Ficou fitando-me com um olhar divertido como se me desafiasse e em seguida calmamente empurrou o sapato com um pé, repetindo o mesmo processo para o outro. Numa lerdeza que podia competir com qualquer lesma da Terra.

Diário de uma dançarinaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora