Diário de uma dançarina

08 - Sexta-feira 8 de fevereiro

11:18 - Collins Dance Academy, Studio de Hip-hop

Eu tive balé clássico pela manhã dessa vez a Malévola não apareceu e a Patty deu uma aula mais voltada para as crianças.

Basicamente fizemos uma fila e ficamos correndo como pássaros por todo o estúdio. As garotinhas adoraram essa aula, já eu achei um pouco infantil.

Todavia, Patty disse que todos os exercícios têm um propósito, alguns não se assemelham muito com a dança mas têm o objetivo de fortalecer os músculos. E depois do que a Malévola disse sobre os meus tornozelos serem fracos, claramente não são só meus músculos que precisam de fortalecimento.

Após a aula de balé peguei o Aaron espiando do lado de fora da sala, não perdi a oportunidade tinha a intenção de começar o interrogatório ali mesmo.

Depois da noite de ontem eu precisava de explicações. Tenho certeza que era ele. Quero dizer, certeza eu não tenho. Fica difícil de saber ao certo com aquela touca ninja cobrindo todo o rosto, mas era o cheiro dele, e a voz ...

Acho que é coincidência demais. Só isso!

Eu não estou ficando louca e nem uma doida apaixonada para ficar vendo o Aaron por aí em todos os lugares. Era ele! Mas o que fica rondando nos meus pensamentos a todo instante é que se aquele cara de touca ninja fosse mesmo o meu meio-irmão, por que ele fugia da polícia?

Por que ele estava com aquelas pessoas?

Ladrões! Era muito para assimilar, me arrepiava só de pensar no risco em que aquele garoto estava envolvido.

Algo foi roubado naquela noite. Isso é fato!

Ele não ia me escapar dessa vez. Eu precisava de um esclarecimento. Chamei-o assim que saí do estúdio, porém percebi que espertamente já estava se esquivando.

Acho que não tinha intenção de falar comigo, virou as costas e andou pelo corredor. Só que dessa vez não me daria por vencida, ahh não, meu bem!

Gritei novamente o nome dele que sem rodeios me respondeu "Venha comigo, Lenna".

Ele não parecia que queria companhia já que mal me esperou sair da sala e foi andando sei lá pra onde. No entanto eu estava aprendendo a me acostumar com tudo ainda, esse é o jeito dele. Não sei porque mas ele criou essa mania de me fazer andar atrás dele.

Será possível que é tão difícil esperar e tentar ser civilizado?

Ao longe vi que entrou em um estúdio vazio, passei pela porta calmamente e a deixei fechar logo atrás de mim. Joguei minha bolsa com minhas roupas e meus cadernos no canto da sala, enquanto o Aaron estava do outro lado mexendo no aparelho de som.

Uma música começou a tocar, uma mistura de clássica com eletrônica. Ele andou até o meio da sala e começou a dançar fazendo alguns passos livres. Que pelas aulas teóricas que tive pareciam uma louca mistura de balé clássico, contemporâneo e um pouco de Hip-hop. Tirou o casaco, amassou em suas mãos e lançou daquele jeito de me arrancar suspiros para o canto da sala.

Ele vestia uma regata preta e uma calça larga escura (não muito boa para dançar balé, mas perfeita parar ficar sexy com os movimentos de hip hop que fazia), completamente desejável com os bíceps a mostra.

Se a Kayla estivesse aqui teria um treco. Acho que o coração dela não é muito forte quando vê demonstrações de sensualidade do meu meio-irmão. E a Lola com certeza iria me matar fatiada na tábua cortar carne. "Vem!", ele me convidou. Ai Meu Paizinho do Céu! Nem te conto!

Foi uma loucura. Sabe diário, eu tenho um sério problema de coordenação motora, por isso que dançar e esportes não são tão fáceis pra mim. Perdi as contas de quantas vezes tomei boladas de vôlei na cara, e a quantidade de canelas que eu chutei no futebol quando fazia os esportes da minha antiga escola. Eu era sempre a última a ser escolhida. E eu não me importava muito que ninguém me quisesse. Estava acostumada a rejeição, de amigos, de madrastas, dos esportes.