Capítulo 12 - Tess

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Entro em casa ainda furiosa. Sei que não devia. Não posso cobrar algo que nunca existiu, mas.... Ouvi-lo confirmar que me disse aquelas coisas e que as devo esquecer por causa de Victoria colocam-me numa posição delicada. Como se esquece se a cada segundo algo me faz recordar?

― Aconteceu alguma coisa? – Pergunta Diana para no corredor, com uma taça de cereais nas mãos. Olha-me como se eu fosse um fantasma.

― Não. ― Limito-me a dizer e dirijo-me para o quarto, batendo a porta ao entrar.

No que estavas a pensar, Tess? Num amor proibido como lês nos livros de romance best-seller? A vida real é tão injusta.

Deito-me sobre a cama e cruzo os braços sobre os olhos. Não é uma posição confortável, eventualmente os meus braços vão começar a ficar dormentes, mas não me atrevo a mexer. Deixo-me ficar e o cansaço vence-me.

A campainha toca ininterruptamente.

Amaldiçoo seja quem for que esteja com o dedo colado ao botão.

Levanto-me revoltada quando percebo que Diana não irá abrir a porta nem a pessoa desistirá tão cedo. Avanço para a entrada do apartamento e a campainha para, fazendo-me parar também.

Expiro e reviro os olhos.

O maior inconveniente de morar em prédios é que toda a gente que quer entrar, toca em qualquer campainha, ou em todas, até que alguém, como eu, sem paciência para continuar a ouvir campainhas a tocar, abra a porta.

Viro-me, rendida, para regressar para o quarto quando a campainha da porta do apartamento toca e eu pulo ao mesmo tempo que solto um grito.

Cerro os punhos e grunho furiosa.

Volto a andar para a porta e abro-a sem me preocupar com a minha segurança. Dou de caras com Mikael. Está com as mãos apoiadas, uma em cada ombreira da minha porta e quando ergue o rosto vejo um rasto de destruição nele.

― Oh meu Deus! – Murmuro.

Marcas vermelhas, um olho negro e o sangue a escorrer-lhe pelo lábio inferior, deixam-me sem reação.

― Posso entrar?

Recuo em silêncio. Mikael entra, encaminhando-se para o sofá e fecho a porta de rompente.

― O que aconteceu? Foste assaltado?

Procuro um pano limpo e passo-o por água. Regresso para junto de Mikael e ajoelho-me ao seu lado.

― Antes isso. O que me roubaram é algo que não pode ser substituído. ― Diz com dificuldade.

Colo o pano ao canto da sua boca e Mikael retrai-se.

― Queres contar-me?

Mikael nega e a minha preocupação aumenta.

― Desculpa ter aparecido assim, mas foste a primeira pessoa em quem pensei.

Bufo um riso. ― É bom saber que estou no topo da lista de pessoas a contactar em caso de caras amassadas.

Mikael ri, com dificuldade. ― Devias ter visto como ficou o outro.

― Não queres ligar para a tua irmã? ― Ele nega. ― E para Victoria?

As suas narinas abrem demonstrando que alguma coisa aconteceu com Victoria.

― Mikael... preciso que me contes o que aconteceu.

― Posso tomar um banho? Estou a sentir-me imundo.

Provador Clandestino (EM PAUSA) Where stories live. Discover now