Capítulo 3 - Nick

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Vejo as portas do elevador fecharem-se e uma sensação estranha fecha-me o peito. Talvez seja porque Tess não estava com nenhum dos seus sorrisos. Pela primeira vez, num espaço de quarenta e oito horas, conheci-lhe mais expressões que aquelas que consigo contar com os dedos das mãos. Continuo a preferir-lhe os sorrisos ao olhar baço e cantos da boca inexpressivos.

Fecho a porta e Lilly e Kyle olham-me.

― O que foi?

― Gostas dela? – Pergunta Lilly desconfiada.

Deixo escapar um riso. ― Claro que não!

― Mikael!

― Só a acho uma rapariga interessante. – Desvalorizo a sua chamada de atenção. - Não parece fútil. Achá-la uma mulher interessante não quer dizer que esteja interessado.

― Mikael, sou tua irmã. Sabes que não me consegues enganar.

― O que queres que diga, Lilly? Já disse que a acho uma pessoa interessante. Seria assim tão mau querer conhecê-la melhor?

Lilly fica em silêncio por instantes. ― Não, claro que não. Até porque acho que fariam um casal bonito. – Deixa escapar um pequeno riso. – Mas não te esqueças que és comprometido. Não quero que faças algo estúpido.

― Por que iria fazer algo estúpido?

― Porque fazes sempre.

A minha irmã sabe como ficar com a última palavra numa conversa pelo que não me pronuncio mais. Tess tem sorrisos que me cativam e confesso que gostava de os conhecer a todos. Não posso dizer que estou romanticamente interessado numa pessoa que acabei de conhecer, mas ela mexe comigo, e isso, não nego.

― É melhor irmos para casa. – Kyle puxa o casaco e veste-o. Lilly concorda.

― Podem dormir no quarto de hóspedes, se não quiserem conduzir.

― Não te preocupes. – Lilly avança e abraça-me. – Vou buscar a minha mala ao quarto.

Quando ela sai para o corredor, Kyle aproxima-se.

― Liga-lhe.

Olho-o confuso.

― A quem?

― À Tess. Tens o número dela. Liga-lhe.

― Por que o iria fazer?

Kyle bufa um riso. ― Porque estás interessado e eu gostei dela. Nada a ver com a Victoria.

― Só não gostas da Victoria porque te chamou idiota.

― A tua irmã também me chama idiota e eu estou apaixonado por ela.

― Mas não te chamou idiota no meio da cerimónia de graduação com o microfone ligado.

― Oh... então foi isso. Ela é um bocado psicopata. Devias agradecer-me por estar a defender os teus interesses.

― Não é para isso que servem os amigos?

Kyle nega. ― Os amigos levam-te para problemas de saia. Sou teu cunhado, a minha obrigação é fazer radar e colocar uma cruz vermelha bem grande nos problemas.

Rio.

― Para ti são todas problemas.

― Até podem ser. Mas há problemas que valem a pena. Tess parece ser uma boa dor de cabeça para ti, cunhado.

― Não posso ter dores de cabeça agora.

― Por causa da Victoria?

― Também.

Provador Clandestino (EM PAUSA) Where stories live. Discover now