Capítulo 11 - Mikael

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Vejo-a afastar-se recriminando-me por tê-la colocado nesta situação. É como dizer-lhe adeus para sempre e, para bem da minha vida, espero não ter de me cruzar com Tess durante os próximos tempos. O melhor é cortar o mal pela raiz.

Enquanto estive com Kyle, falámos sobre esta situação de merda. Estávamos a olhar para um jogo num canal de desporto quando ele me perguntou se era capaz de deixar a Victoria para ter alguma coisa com a Tess. Foi uma pergunta complicada, daquelas para as quais a resposta irá diferir de acordo com a fase pela qual estás a passar. Há uma semana eu teria dito que ele era maluco. Em momento algum eu iria desejar outra mulher sem ser Victoria, agora, preciso ponderar a resposta. E só isso, já me compromete.

― Se é uma fase, deixa passar. – Disse-me.

É uma fase. – Reforcei.

Ele deu de ombros. ― Se estás tão certo disso, por que estás a dar tempo de antena a uma pancada pela amiga da tua irmã?

Bufei um riso. ― Não sei. Acho que há uma fase da nossa vida em que achamos piada às amigas das irmãs.

Mikael, essa fase acontece na adolescência. Quando começamos a andar com as hormonas aos saltos. – Riu.

― A Victoria é a mulher da minha vida. Não posso estragar tudo com isto.

― Então não estragues, simples. Eu não gosto dela, mas já estás farto de saber isso. Boa sorte para tirares a Tess da cabeça. – Riu.

Fitei-o. ― Obrigadinho.

Kyle ergueu as mãos em sua defesa. ― Honestidade, cunhado. Se não queres nada com a Tess, resolve as coisas com a Victoria. Assenta com ela.

Tens razão. Vou falar com a Tess.

Kyle engasgou-se. ― Mas que merda, Mikael! Não te decides?!

Vou falar com ela para esquecer o que lhe disse. Vou colocar um ponto final em algo que nunca existiu.

― Se achas que ir cutucar na ferida, ajuda, quem sou eu para dizer o contrário.

― Se ela sentir o mesmo que eu, cutucar na ferida vai forçar-nos a parar.

― Parar? Não sejas idiota. Não começaram nada. Só tu, começaste a dizer o que não devias porque estavas bêbado. Tens uma irmã, não aprendeste nada sobre as mulheres?!

― Aprendi. Por isso mesmo sei que se mexo com ela como ela mexe comigo, dizer-lhe para esquecer por causa de Victoria irá fazer com que me odeie.

― Queres que ela te odeie?

E só de lembrar os seus sorrisos e como eles mexem comigo, quase desisti da ideia e de Victoria.

― Para ser sincero, não. Mas neste momento sou tão perigoso quanto uma mulher de TPM.

Kyle gargalhou. ― E tão fodido quanto uma.

Sei que Victoria ainda está no trabalho e decido passar pelo escritório para lhe fazer uma surpresa. Pelo caminho, paro numa banca de rua de flores e escolho o ramo de rosas mais bonito que ali está.

― Quer escrever algum cartão?

― Sim, seria ótimo.

A mulher, jovem, cede-me um pequeno cartão branco, um envelope e uma caneta.

Olho para ele e deixo-me ficar. Preparo-me para começar a escrever diversas vezes, mas paro sempre no momento de o fazer.

― As mensagens mais simples são as melhores. – Oiço a mulher dizer.

Provador Clandestino (EM PAUSA) Where stories live. Discover now